"A verdade é a vítima principal dos eventos no Oriente Médio", declarou Bashar Assad às três mídias francesas. Uma transmissão em direto das palavras do presidente sírio a jornalistas franceses — não será isto um primeiro passo da política real da França na questão síria? Será que essa entrevista significa a disponibilidade da França para retomar o diálogo com Damasco?
A Sputnik França entrevistou Jean Lassalle, membro independente da Assembleia Nacional da França e presidenciável francês, um dos três deputados que formaram a delegação de parlamentários chefiada por Thierry Mariani que visitou a Síria.
Ele falou sobre a evolução lenta da aceitação dos contatos com Damasco pela mídia:
"No início, a mídia foi muito crítica em relação à nossa viagem. Os que se encontraram com Bashar Assad mudaram um pouco sua atitude, mas a situação geral em França não vai mudar no futuro próximo."
Jean Lassalle é cético quanto à possibilidade de haver alterações na linha da política exterior francesa em relação à Síria antes as eleições: "Não acho que até às eleições presidenciais a França mude sua política quanto à Síria, François Hollande não vai abdicar das ideias principais da sua governança. A França não poderá rejeitar as ideias de Genebra e aderir às negociações em Astana."
"Eu penso que alguma mídia gostou que Bashar Assad tivesse falado bem de Donald Trump e François Fillon. Há quem use isso para prejudicar esses dois políticos. Sabemos que hoje a maior ofensa no Ocidente é a proximidade ao regime sírio e à Rússia. Quando um líder ocidental é acusado de ser apreciado pelo senhor Putin ou pelo senhor Assad, isso geralmente é mau para aquele que é acusado de tais avaliações. Não estou seguro que se trate de alterações na avaliação do regime sírio ou até mesmo de Bashar Assad. Penso que isso é alarido, é para criar sensação: ‘Temos um presidente ditador, que é a quintessência do mal a nível mundial, e que fala bem do senhor Trump e do senhor Fillon.' É provável que essa informação possa ser interessante para a mídia exatamente para que consiga causar danos a essas duas pessoas."
Alexandre del Valle acha que os legisladores gaullistas que viajaram para a Síria desempenham o papel de uma espécie de ponte, e estão preparando a base para uma nova política após o retorno das forças da direita ao poder: