Diz-se que o discurso de Tillerson vai dar início a uma sessão especial no Senado, onde será definida sua candidatura ao cargo. Segundo foi revelado pelo Washington Post, o provável chefe do Departamento de Estado no mandato Trump enumerou as principais ameaças que, a seu ver, o mundo e os EUA — em especial — estão enfrentando, dando atenção primordial às relações com a Rússia e ao papel norte-americano no palco internacional.
Relações entre EUA e Rússia
"Ações recentes da Rússia para conquistar respeito e seu lugar no palco internacional são ignorantes para os interesses norte-americanos", diz-se no texto.
De acordo com a edição, Tillerson opina que os EUA devam cooperar com a Rússia apenas em esferas onde haja interesse mútuo, como, por exemplo, no combate ao terrorismo. Porém, o empresário acredita que "nas questões que geram discordância entre nós, os EUA devem continuar resolutos na defesa dos seus interesses e dos seus aliados".
"A Rússia deve levar em consideração que somos responsáveis por nossos compromissos e deve assumir a responsabilidade por suas próprias ações", realça Tillerson.
Ao mesmo tempo, o empresário apoia um diálogo aberto entre os dois países.
"Enviamos [para a Rússia] sinais fracos ou combinados com 'linhas vermelhas' que se transformaram em luz verde. Não sabíamos que a Rússia pensava de forma diferente a nossa", afirma.
Segundo ele, "palavras não liquidam imperfeições e, muitas vezes, histórias litigiosas entre os nossos países". "Mas precisamos de um diálogo aberto e sincero com a Rússia, quaisquer que sejam suas ambições", ressalta Tillerson.
Liderança dos EUA e ordem mundial
Além de reconhecer que "recentemente a liderança dos EUA vem sendo questionada", Tillerson indagou o "tropeço" dado pelos EUA. Caso assuma o cargo de secretário de Estado, ele "não somente ressuscitará, mas também reafirmará a liderança norte-americana".
"Devemos assumir responsabilidade pelo cumprimento dos nossos compromissos com outros. Ao mesmo tempo, devemos exigir que nossos parceiros também cumpram seus compromissos", continua. "Caso contrário, isso será injusto tanto para os EUA, como para seus antigos amigos".
Tillerson afirmou que a incapacidade dos EUA de fazer algo durante décadas piorou sua posição e permitiu que "péssimos atores" mundiais levantassem a cabeça. Segundo ele, os EUA "não podem aceitar ignorância dos acordos internacionais, como a no caso do Irã, e continuar aceitando promessas vazias parecidas com as da China quanto à pressão sobre a Coreia do Norte".
Agrupamentos radicais e islamismo
Ao falar do islamismo radical, Tillerson realça que "não é uma religião nova, mas uma corrente ilegal e mortal que gera ódio". No discurso, a ameaça terrorista é seguida por questões iraniana e norte-coreana. Quanto a estes países, o empresário assinala que "eles representam uma ameaça séria para o mundo por se recusarem a cumprir os padrões internacionais".
"A liquidação do Daesh deve ser o primeiro passo para eliminar hipóteses de surgimento de outros agrupamentos e indivíduos, que são dirigidos contra o nosso país e aliados. Isso também nos permitirá prestar mais atenção a outros representantes do islamismo radical, tais como Al-Qaeda, Irmandade Muçulmana e certas estruturas no Irã", diz-se no texto do discurso que deve ser pronunciado hoje (11) pelo ex-chefe da Exxon Mobil.
Tillerson, como foi ressaltado, advertiu que é necessário derrubar o Daesh "não só dentro do campo de batalha". Segundo ele, "devemos vencer a guerra ideológica".
Segundo Tillerson, "a liquidação do Daesh deve ser o objetivo número um para os EUA no Oriente Médio".