Segundo frisou o autor, desde os primeiros dias da existência da OTAN que os EUA ocupam a posição de líder da Aliança, já que são eles quem toma as principais decisões, efetuando o maior financiamento e enviando o maior número de militares, o que dá garantias de segurança ao continente através por via de armamentos tanto convencionais como nucleares.
O Reino Unido e a França, por sua vez, possuem seus próprios arsenais nucleares. Porém, nos tempos da União Soviética eles não queriam se envolver em uma guerra contra a URSS para defender a Alemanha Ocidental, e se alguém começasse trocando ataques nucleares com Moscou, seriam os EUA, diz Bendow.
Enquanto isso, os aliados europeus dos EUA exigem ações mais ativas de Washington, em primeiro lugar no domínio nuclear, assinala Bendow.
A não proliferação das armas nucleares é um objetivo importante, mas não no contexto em que os EUA podem ser envolvidos em uma nova guerra nuclear. Se alguém se deve arriscar pela Europa, deverão ser os próprios europeus, acredita o autor.
O especialista em assuntos militares e chefe da cátedra de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Plekhanov, Andrei Koshkin, considera tais artigos como uma espécie de "lembrança" para os europeus.
Entretanto, mesmo que a Europa aumente seu potencial nuclear, todas as decisões continuarão sendo tomadas por Washington, acha o especialista.
"Será somente Washington quem vai mandar no arsenal nuclear. Acordar a decisão ou não acordar — essa questão será absolutamente irrelevante, tudo isso será acessório. Também devemos ter em conta que tanto o Reino Unido como a França, que integram o clube nuclear, não são muito ativos quanto à ameaça de uso de armamentos nucleares e ao seu financiamento. O mais provável é serem os EUA quem está bagunçando a Europa", observou Koshkin.
Os europeus, por sua vez, compreendem que viraram reféns da política norte-americana.
"A Europa começará se dando conta que os EUA não a estão simplesmente defendendo, mas chantageando. Não foi por acaso que [o presidente francês] Hollande disse que eles [os europeus] não precisam de recomendações, conselhos e influências vindas de fora. É um mecanismo de defesa [psicológico] e a tomada de consciência de que a Europa virou refém da política externa complicada que os EUA conduzem em relação a ela", resumiu.