O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante sua companha eleitoral, declarou estar disposto a cooperar com a Rússia e deixar de lado a política da guerra fria, conduzida pelo seu antecessor. Ele também afirmou ser possível cancelar as sanções impostas à Rússia.
Apesar de muitos países, em particular os da Europa Oriental, serem hostis quanto à Rússia, Itália poderá chefiar o movimento de cancelamento das sanções antirrussas.
A Sputnik Itália entrevistou Raffaele Marchetti, docente de assuntos internacionais da Universidade de Luiss Guido Carli.
Sputnik Itália: Segundo Paolo Gentiloni, guerra fria contra a Rússia não será benéfica para ninguém. As boas relações russo-italianas é uma constante da política exterior dos dois países?
Raffaele Marchetti: As sanções agravaram a situação. Mas há dois fatores: Brexit e eleição de Trump, que poderão ser responsáveis por mudanças nas relações entre UE e Rússia que levem à diminuição ou, até mesmo, cancelamento das sanções.
RM: Claro que Trump declarou muitas vezes seu desejo de manter boas relações com a Rússia, diferentemente da maneira assumida pela presidência de Obama. Mas os ministros da Defesa e da Chancelaria mostraram atitude contrária em relação à Rússia da expressa por Trump. É necessário esclarecer a situação.
No entanto, mesmo com a presidência de Trump, não será fácil melhorar as relações com a Rússia.
RM: Sim, tradicionalmente, Itália e Alemanha desempenham função de "ponte" entre Europa e Rússia. Eles serão responsáveis pela criação das condições para renovar o diálogo. Em ambos os países, serão realizadas eleições em 2017. É um período de transição. Além disso, a situação da campanha eleitoral é complicada, o governo alemão já expressou sua inquietude ligada a hackers russos. Tudo isso poderá agravar a situação.
SI: No contexto geopolítico geral, a tensão entre Rússia e EUA é inevitável? Podemos chamá-la de Guerra Fria?
E agora, quando o Ocidente está prestes a perder a posição de líder geopolítico mundial, torna-se fundamental a negociação dela com países que não fazem partes da Aliança — com Rússia e China.
SI: Que cenário podemos esperar?
RM: Se os países decidirem competir uns com os outros, a situação não será tranquila, presenciaremos competições, esperamos que não haja guerra. Se os países desenvolverem diálogo, seria necessário rever algumas regras do jogo da politica exterior. O período será instável, mas poderá ser pacífico.