Não importa quão pouco os americanos confiam na sua mídia e outras instituições, pois lhes conseguiram convencer de que a Rússia levou a cabo ataques cibernéticos contra os democratas e de que "a influência e o poder russos" representam uma ameaça, observa o autor.
"Tanto as sanções antirrussas como as tentativas de Obama de demonizar a Rússia por sua suposta intervenção nas presidenciais parecem ter provocado um efeito contrário", enfatiza Bershidsky.
De acordo com o colunista, a ideia de Donald Trump de elaborar um acordo mutuamente aceitável com a Rússia é quase tão popular entre o eleitorado como uma resposta dura. O acordo é apoiado por uma maioria mesmo entre os que votaram nos republicanos. Até mesmo um dos principais críticos da Rússia, o senador John McCain, é a favor da candidatura de Rex Tillerson, que apresentou uma política razoável e flexível em relação à Rússia.
"Parece que é isso que Putin sempre esperou dos EUA. Nunca sonhou com relações amistosas e idílicas com eles", opina o autor. "O objetivo era estabelecer um diálogo sem motivos ideológicos e baseado em interesses comuns e o respeito mútuo dos acordos".
O colunista se lembra das palavras de Sergei Karaganov, conselheiro de política externa do Kremlin:
Talvez hoje, depois de todas as guerras devastadoras do século XX e dos sangrentos conflitos dos últimos 15 anos, seja muito mais difícil despertar ânimos belicosos no público, pressupõe Bershidsky no seu artigo para a Bloomberg.
Talvez o fato de ser uma potência nuclear inspire certo respeito pela Rússia, continua o jornalista.
Ou talvez, ao convencer os americanos de que os russos intervieram com sucesso nas eleições presidenciais nos EUA, os democratas e a mídia tenham fortalecido a ideia do público sobre a força da Rússia, bem como a necessidade de ter cuidado na hora de lidar com ela.
"Se isso é verdade, então, o fato é que os EUA ajudaram Putin a reforçar ainda mais o seu poder", conclui Bershidsky.