Ele sublinhou que Trump representa a exigência por uma parte influente das elites americanas de uma viragem para a política interna.
"Será ela quem vai definir a agenda e a direção da política externa. E quanto maiores forem os problemas internos dos EUA, tanto com mais rigor irá a nova equipe agir no exterior, neste aspecto ninguém deve ter dúvidas. Quando for preciso, ela [a equipe] seguirá a direito, sem se preocupar com a opinião da comunidade internacional e com a legalidade", escreveu o senador no jornal russo Izvestia na segunda-feira (6).
Para além disso, diminuiu significativamente a rentabilidade e o papel global das empresas e mecanismos transnacionais, isto pode explicar a saída dos EUA do TPP (Acordo de Parceira Transpacífico), destaca Kosachev.
A linha russa
"No que diz respeito à Rússia, os potenciais riscos e ameaças podem ser previstos partindo dessa atitude de Washington. Em particular, são bem prováveis as tentativas de usar a Rússia nos "jogos" dos EUA contra países terceiros", assinala Konstantin Kosachev.
Ele também comenta que Trump não vê razões para confrontos com a Rússia, ao contrário da administração anterior.
"Para que o nosso papel nas relações russo-americanas não se reduza à procura de caminhos para sermos ‘incorporados' ao serviço dos interesses dos próprios EUA, devemos propor uma agenda alternativa que corresponda aos nossos objetivos, mas também seja do interesse dos EUA", considera o senador russo.
Por isso, explica o político russo, é necessário formular algumas ideias na área do controle de armamentos e do desarmamento, da segurança em geral, inclusive da segurança cibernética que tanto incomoda os EUA nos últimos tempos. Como sublinha Kosachev, é muito importante negociar alguns passos para diminuir os riscos de confrontos militares entre a Rússia e os EUA em conflitos regionais e obrigações mútuas em caso de conflitos com países terceiros.
Cooperação econômica
Outro assunto é a cooperação econômica, que hoje em dia não corresponde evidentemente ao potencial dos ambos os países, escreve o político russo. "Neste sentido, o pragmático Rex Tillerson abre boas perspectivas para o aumento da cooperação", considera o senador.
"Neste sentido é muito importante a renovação do pleno diálogo interparlamentar com os nossos colegas americanos, para o que nós estamos prontos, mesmo sabendo que ele não será fácil", adicionou Kosachev.
O senador russo frisa que a saída desta crise relacionada com sanções e confrontação apenas é possível por meio de uma comunicação direita e franca. Konstantin Kosachev espera muito do encontro no âmbito da Conferência de Segurança de Munique, marcada para os dias 17 e 19 de fevereiro, da qual participarão ambas as partes.
Durante a entrevista à Sputnik, Kosachev explicou que não foram previamente acordados encontros com os colegas americanos.