Em entrevista ao programa GPS Internacional da Sputnik Mundo, Mujica opinou que "às vezes a realidade ultrapassa a nossa imaginação", mas diz que "nada acontece por acaso".
Segundo ele, a nova situação política, em que os EUA estão tentando limitar o comércio livre e a China defende a abertura dos mercados, é um fruto da globalização.
A globalização "tem tido três forças básicas: o mundo financeiro internacional, o conjunto de empresas transnacionais como força econômica e a revolução nos meios de comunicação, especialmente na informática", explica o ex-presidente uruguaio.
Mujica acha que "as classes médias do mundo central" estão respondendo "à implantação do ultranacionalismo que se fecha no protecionismo, produto da frustração e estagnação", algo que "vai custar muito à humanidade".
Neste contexto o ex-líder do Uruguai questiona "quem vai pagar o custo desta eventual crise de reestruturação comercial e qual o perigo de uma guerra comercial poder ser desencadeada".
José #Mujica, sobre #Fidel: "Desafiar a #EEUU en el #Caribe es una proeza de quijotes" https://t.co/CD3qm714GR pic.twitter.com/eXgEMOGDFt
— Sputnik Mundo (@SputnikMundo) 4 de dezembro de 2016
"Estamos falando de uma espécie de tendência autárquica através do isolamento. Pode ser que isso não continue por muito tempo, mas significará de certa forma um abalo", observa.
Neste caso, os países que têm relações comerciais de proximidade com Washington, como o México, por exemplo, terão que olhar mais para os seus vizinhos do Sul, assinala Mujica.
Na visão do ex-presidente do Uruguai, estes cenários poderão afetar "os preços e a capacidade de vender".
Segundo Mujica, "todas as tentativas de colocar o mundo em ordem com regras poderão se desfazer em pedaços".
"Acho bastante lógica a eventual tendência da China de olhar para o mercado mundial, faz também parte das suas necessidades e da sua situação. Se os EUA tendem a se fechar, a China buscará outras alternativas", aponta.
Mujica ressalta que nunca antes houve tantos conflitos no mundo e acrescenta que não existe paz a nível mundial, é uma quimera. No final, o ex-presidente manifestou a esperança de que "o mundo não caia no disparate".