Como indicado pelos militares em uma conferência de imprensa, a equipe da nova administração da Casa Branca, liderada pelo presidente Donald Trump, "lançará uma nova perspectiva sobre o assunto".
"Espero que uma revisão da doutrina nuclear possa ocorrer ainda nesta primavera", disse ele, referindo-se ao período que compreende entre março e junho.
De acordo com Goldfein, a nova revisão irá abranger todos os componentes da tríade nuclear de mísseis balísticos intercontinentais lançados a partir de silos, bombardeiros estratégicos e submarinos nucleares. Ele também irá realizar discussões sobre "ogivas nucleares, o seu poder e a quantidade necessária", além de "consultas sobre contenção no século XXI".
A questão da necessidade de modernização em larga escala do arsenal nuclear dos EUA foi levantada pela primeira vez em março de 2016, após a aprovação do orçamento do Pentágono. A nova bomba nuclear B61-12, programada para entrar em serviço em 2020, causou o maior número de disputas devido ao seu alto preço de US$8,1 bi.
No entanto, de acordo com especialistas militares, a nova arma não só terá alta precisão, mas também terá maior alcance e melhor capacidade de planejamento. Graças ao seu pequeno tamanho, a B61-12 pode ser instalada em aeronaves táticas como F-15E, F-16, Tornado, B-2 e B-21. Além disso, devido a suas ogivas de poder diminuídas — até 50 kilotons — poderia ser usada no campo de batalha sem causar danos desastrosos ao ambiente.
De acordo com Mikhail Aleksandrov, especialista do Centro de Estudos Políticos e Militares do Instituto de Relações Internacionais de Moscou, após a dissolução da União Soviética, os EUA acreditavam que a Rússia "se desintegraria ao longo do tempo", então armas nucleares não seriam necessárias. Além disso, mais tarde, no início de 2000, Washington "tinha uma superioridade significativa de armas convencionais sobre a Rússia", enquanto outros países não foram capazes de desafiar o domínio de os EUA.
"Como resultado, Washington estava convencido de que as armas nucleares tinha perdido relevância. Além disso, […] foi assinado o START III com Moscou" Alexandrov explica, em referência ao Tratado de Redução de Armas Estratégicas assinado em 2010 como medida para reduzir o arsenal nuclear em ambas as nações.
Além disso, referindo-se a armas estratégicas dos EUA, Aleksandrov ressaltou que os mísseis de lançamento nuclear LGM-30 Minuteman "se tornaram obsoletos", enquanto "a confiabilidade dos mísseis balísticos intercontinentais para os submarinos Trident" também tinha sido "questionada".
O arsenal nuclear da Rússia, além das bombas, tem a Iskander-M de 400 quilômetros de alcance tanto balístico quanto de cruzeiro, com mísseis de cruzeiro Kalibr e mísseis de superfície equipados com ogivas nucleares.
"Em outras palavras, a Rússia tem um conjunto muito mais diversificado de armas nucleares, o que proporciona alguma flexibilidade em seu uso no decorrer de um conflito militar", disse Aleksandrov.
No entanto, Aleskándrov salientou que este argumento não é sustentável porque a área de cobertura do sistema russo de lançamento de mísseis S-300 é de 150 quilômetros. Portanto, as armas nucleares táticas dos EUA "têm um alcance de aplicação muito estreito".
"[Para realizar uma guerra nuclear tática com a Rússia] os Estados Unidos não têm as ferramentas necessárias, parece que este será o tema principal das discussões mencionadas por Goldfein", disse ele.
Enquanto isso, deve-se notar que a Rússia reiterou em várias ocasiões que não representa ameaça para ninguém e seu único objetivo é defender o país e seu povo.