“Por conta desses atrasos nós estamos sem plano de saúde. Quem tem filho na escola está sem pagar a escola. Muitos já estão até passando necessidades, dependendo de favor de um e de outro”, desabafou uma das cerca de 20 mulheres presentes, em entrevista à Sputnik.
Sobre a situação caótica de segurança deflagrada nas ruas do Espírito Santo após uma mobilização semelhante dos familiares dos PMs do estado, as manifestantes cariocas, que se organizaram por meio de grupos de WhatsApp, disseram que os casos são diferentes e que não esperam que as cenas se repitam no Rio.
“Até porque a gente está reivindicando algo bem diferente. Eles [do Espírito Santo] querem aumento do salário. A gente não quer ganhar mais, a gente só quer que os nossos familiares recebam”, disse outra das mulheres.
“Se nada acontecer, quando chegar próximo ao Carnaval nós vamos estar mais organizadas e vamos voltar novamente”, prometeu uma das representantes do grupo. “Nós vamos causar o caos”, completou a manifestante que falara sobre a situação no Espírito Santo.
No entanto, elas afirmam que “a maioria está a favor”. “Até porque a gente está fazendo algo que eles não podem fazer. E já que eles não podem parar, a gente para por eles”, acrescentou a segunda mulher.
“Policial não é homem de ferro. Ele tem família, ele não é mágico, ele tem que sustentar sua mesa. Ele tem que ter salário!”, gritava uma das esposas presentes.
O governador Luiz Fernando Pezão também foi alvo de reclamações por parte das mulheres reunidas.
“A gente também quer o fim do Pezão, porque ele é o causador disso tudo”, disse uma delas.
A opinião foi compartilhada pelo cabo da PM Anderson Valentim.
“Esse governador não deveria estar no cargo. Acho que o governador não passa de um canalha, de um calhorda. Expor o policial, a família do policial, igual ao que ele está fazendo, isso é coisa de canalha”, disse o cabo à Sputnik.
Anderson fez questão de ressaltar que o movimento é dos familiares dos policiais e que não tem data para acabar. Apesar disso, ele disse que, em sua opinião, os policiais deveriam ter o direito de se expressar.
“Antes de ser policial eu sou cidadão, então eu deveria ter o direito de fazer o que eu quisesse. Eu vivo numa democracia…”, observou o cabo.
Por enquanto, elas se concentram em não deixar nenhum veículo ou pessoa sair do batalhão sem passar por uma revista, a fim de evitar que armas, uniformes e gasolina sejam levados para os policiais que estão nas ruas.
Um caminhão com várias caixas de frango congelado destinadas aos policiais do batalhão teve que ficar do lado de fora, e os mantimentos tiveram que ser levados um a um por carregadores para dentro do quartel.