Em uma conversa com a Sputnik Turquia, o ex-militar das forças especiais turcas, especialista em segurança e combate ao terrorismo e ex-participante das ações militares na Síria, Abdullah Agar, assegurou que o referido incidente demonstra a necessidade urgente de reforçar a coordenação e interação entre os dois países na Síria.
"Do ponto de vista estratégico e geopolítico, a cooperação entre a Rússia e a Turquia na Síria está se desenvolvendo. Porém, para que esta cooperação tenha um caráter contínuo e permanente, é preciso também alargar a interação bilateral no campo de batalha", expressou Abdullah Agar.
O especialista disse estar convencido de que tanto o futuro da Síria como o destino da parceria geopolítica russo-turca dependem do nível da cooperação entre os militares turcos e russos.
"Se não conseguirmos aumentar o nível de coordenação entre as nossas [russas e turcas] unidades militares na Síria, isso pode levar à repetição de incidentes semelhantes, bem como a diversas manipulações", adianta o militar turco.
Abdullah Agar frisou que, apesar de tudo, há um certo mecanismo da interação confiável turco-russo que funciona em condições regulares tanto na diplomacia, como na área das ações militares. Porém, o recente incidente mostrou que isto não é suficiente, já que o mecanismo estabelecido não funcionou em uma situação extraordinária.
Entretanto, o acadêmico frisa que este objetivo é bem difícil de alcançar:
"Do ponto de vista técnico, é muito difícil criar tal coordenação nos campos de batalha na Síria. Por um lado, há os aviões de combate que voam a velocidades extremamente elevadas, por outro, há os destacamentos turcos que participam de combates de rua incessantes com os militantes do Daesh sem qualquer linha de contato definida", precisou o militar, acrescentando que além dos caças russos, há também os aviões turcos, os sírios e os da coalizão internacional bombardeando os objetos do Daesh, o que certamente também gera uma série de dificuldades.
"É uma tarefa muito complicada. Mas temos de trabalhar nela", resumiu Agar.