Futuro da Síria 'depende da cooperação e confiança entre os militares russos e turcos'

© REUTERS / Assessoria de Imprensa das Forças Revolucionárias da Síria Ofensiva da Turquia na Síria
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Ontem, na sequência da falta de coordenação sobre as coordenadas dos alvos durante os ataques aéreos russos contra os terroristas em Al-Bab, morreram 3 militares turcos. Em uma conversa com a Sputnik, o ex-militar das forças especiais turcas Abdullah Agar comentou o assunto e o desenvolvimento ulterior das relações bilaterais.

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Logo após o acidente de ontem (9), que ocorreu durante a operação para libertação da cidade síria de Al-Bab, o presidente russo Vladimir Putin, bem como o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas russas Valery Gerasimov, expressaram suas condolências aos colegas turcos e afirmaram que o ataque foi acidental.

Em uma conversa com a Sputnik Turquia, o ex-militar das forças especiais turcas, especialista em segurança e combate ao terrorismo e ex-participante das ações militares na Síria, Abdullah Agar, assegurou que o referido incidente demonstra a necessidade urgente de reforçar a coordenação e interação entre os dois países na Síria.

"Do ponto de vista estratégico e geopolítico, a cooperação entre a Rússia e a Turquia na Síria está se desenvolvendo. Porém, para que esta cooperação tenha um caráter contínuo e permanente, é preciso também alargar a interação bilateral no campo de batalha", expressou Abdullah Agar.

O especialista disse estar convencido de que tanto o futuro da Síria como o destino da parceria geopolítica russo-turca dependem do nível da cooperação entre os militares turcos e russos.

"Se não conseguirmos aumentar o nível de coordenação entre as nossas [russas e turcas] unidades militares na Síria, isso pode levar à repetição de incidentes semelhantes, bem como a diversas manipulações", adianta o militar turco.

Abdullah Agar frisou que, apesar de tudo, há um certo mecanismo da interação confiável turco-russo que funciona em condições regulares tanto na diplomacia, como na área das ações militares. Porém, o recente incidente mostrou que isto não é suficiente, já que o mecanismo estabelecido não funcionou em uma situação extraordinária.

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Segundo foi comunicado, durante a operação em um dos bairros de Al-Bab os turcos decidiram formar um cerco ao redor dos militantes do Daesh, o que resultou em que alguns dos militares turcos do outro lado da frente de combate, ou seja, no lado controlado pelos terroristas, explicou o especialista. "Pelos vistos, a informação sobre isso não foi comunicada a tempo à parte russa. Isto quer dizer que a Rússia e a Turquia ainda não têm uma coordenação total na Síria", concluiu Agar.

Entretanto, o acadêmico frisa que este objetivo é bem difícil de alcançar:

"Do ponto de vista técnico, é muito difícil criar tal coordenação nos campos de batalha na Síria. Por um lado, há os aviões de combate que voam a velocidades extremamente elevadas, por outro, há os destacamentos turcos que participam de combates de rua incessantes com os militantes do Daesh sem qualquer linha de contato definida", precisou o militar, acrescentando que além dos caças russos, há também os aviões turcos, os sírios e os da coalizão internacional bombardeando os objetos do Daesh, o que certamente também gera uma série de dificuldades.

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Para evitar tais casos, é indispensável que todos os participantes do combate ao Daesh na Síria desenvolvam três canais de comunicação: terra-terra, terra-ar e ar-ar. Deste modo, não se trata apenas de uma coordenação entre unidades russas e turcas, e não apenas em um plano, mas entre todos os membros da operação antiterrorista em todos os planos, inclusive nos que se cruzam.

"É uma tarefa muito complicada. Mas temos de trabalhar nela", resumiu Agar.

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