"Putin, bem como os terroristas da Al-Qaeda e os comunistas soviéticos anteriormente, está [hoje em dia] por toda a parte. A Rússia está por trás de todas as desgraças, principalmente, claro, por trás da derrota de Hillary Clinton nas eleições [presidenciais de 2016]. E se alguém se atreve a questionar isso, ele passa automaticamente a ser considerado como um dos traidores que, provavelmente, trabalham pessoalmente para Putin", observa o jornalista da Intercept.
Ao mesmo tempo, qualquer um que duvide que as acusações contra a Rússia em relação aos ciberataques sejam fundamentadas é logo chamado de "apologista de Putin" pelos seus críticos.
Greenvald também chama a atenção para um artigo escrito pelo jornalista americano do jornal Guardian, Keith Gassen, no qual se analisam e se rechaçam as declarações histéricas, ignorantes e manipuladoras sobre as autoridades russas que dominam a agenda midiática americana.
Alias, Gessen usa o termo "putinologia", que o jornalista caracteriza como "invenção de comentários e artigos analíticos sobre Putin e seus motivos". Na maioria dos casos, tais matérias se baseiam em informações inerentemente fragmentadas e frequentemente absolutamente falsificadas.
A obsessão pela ameaça russa também distrai a sociedade da corrupção omnipresente que atravessa a elite governante dos EUA, acredita o jornalista do Guardian.
"A longo prazo, jogar a carta russa não é apenas uma decisão política ruim, mas também uma falência intelectual e moral. É uma tentativa de atribuir a culpa pelos problemas profundos e persistentes do nosso país a uma potência estrangeira", observou Keith Gassen.