Anteriormente, os EUA haviam acusado a Rússia do desenvolvimento de mísseis proibidos pelo tratado. Em particular, se trata da criação do SSC-8, análogo terrestre do míssil de cruzeiro Kalibr-NK.
Posição da Secretaria da Defesa dos EUA
O vice-chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, Paul Selva, falando perante o Congresso, acusou Moscou de deslocamento de mísseis terrestres proibidos pelo Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário. O general norte-americano afirmou que as autoridades russas violam "a letra e o espírito" do documento, assinado em 1987.
"Este sistema representa ameaça para a maioria das nossas estruturas na Europa e estamos certos de que a Rússia o desloca intencionalmente para ameaçar a OTAN e as estruturas na zona de responsabilidade da OTAN", afirmou Paul Selva.
Gen. Selva told Congress today that he sees no indication that #Russia intends to return to compliance w/ #INF treat https://t.co/oK7OgUfa9A pic.twitter.com/j6BqVmOILu
— NATOSource (@NATOSource) 8 de março de 2017
Ele também duvida que Moscou "volte a respeitar o Tratado INF" e chamou Washington a "buscar meios de pressão sobre a Rússia".
Departamento de Estado apoia os militares
"Continuamos acreditando que a Rússia viola as suas obrigações no âmbito do Tratado", comunicou Mark Toner, representante da entidade.
Não é a primeira vez que Washington acusa a Rússia de violação do tratado. Assim, em outubro do ano passado, o secretário da Defesa John Kerry chamou a Rússia a "voltar a cumprir" o tratado.
"Conforme disse o presidente Obama, as regras devem ser obrigatórias. Por isso, chamamos a Rússia a voltar a cumprir o tratado e o seu objetivo: a destruição de uma classe inteira de armas nos nossos arsenais em nome dos interesses da Europa, da Ásia e do resto do mundo", disse Kerry.
How will Pres Trump respond to Russia violating the INF missile treaty? https://t.co/sWitV5yWki
— Politics1.com (@Politics1com) 9 de março de 2017
O novo presidente dos EUA Donald Trump tinha comunicado que pretendia discutir o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário durante a reunião com Vladimir Putin.
Posição de Moscou
"Nos voltamos de novo a deparar com acusações infundadas contra nós, o artigo não divulga as mínimas provas para argumentar tais suspeitas ou acusações. São citadas fontes anónimas, é o mesmo que acontecia durante a administração antiga. É claro que não podemos tomar tais publicações a sério", comunicou Ulyanov.
Russia Fully Complies With INF Treaty Despite Not Meeting Moscow's Interests https://t.co/wpUCBjVo4w pic.twitter.com/5M7IezgWkp
— Fabio Vanorio (@fabio_vanorio) 9 de março de 2017
Entretanto o porta-voz do presidente russo Dmitry Peskov comunicou que Moscou não recebeu quaisquer pretensões oficiais sobre o Tratado.
Disputa por causa dos Iskander
"Se trata do deslocamento de mísseis de cruzeiro do sistema Iskander-K que pode ser dotado de mísseis de cruzeiro de curto alcance (até 500 quilômetros). Não se tratou de mísseis de cruzeiro na generalidade. Não é proibido deslocar tais mísseis em terra, e a Rússia possui tais mísseis", acrescentou Sivkov.
Segundo ele, as novas acusações surgem para "justificar o deslocamento da infraestrutura de mísseis de longo alcance com base nos lança-mísseis Mk-41 que os EUA estão implantando na Europa a pretexto dos sistemas de defesa antimíssil".
O que prevê o tratado
O tratado entrou em vigor em 1 de junho de 1988. De acordo com o documento, as partes se comprometeram a não criar, testar e deslocar mísseis balísticos e de cruzeiro terrestres de médio alcance (de 1.000 a 5.500 quilômetros) e curto alcance (de 500 a 1.000 quilômetros).
As obrigações do tratado foram cumpridas até junho de 1991. A União Soviética destruiu 1.846 sistemas de mísseis, os EUA — 846.
Este tratado foi o primeiro caso histórico em que as partes conseguiram negociar uma redução de armas.
O documento proíbe a Rússia e os EUA de possuírem mísseis balísticos terrestres e mísseis de cruzeiro com alcance operacional de 500 a 1.500 quilômetros.