EUA prometem autonomia aos curdos?
O membro do birô político do Partido Democrático do Curdistão na Síria (PDK-S) e um dos líderes do Conselho Nacional dos Curdos Sírios (ENKS, na sua sigla em curdo), Muslim Mihemmed, confirmou à Sputnik que "os americanos têm este projeto".
De acordo com Mihemmed, o projeto deve ter em conta os interesses de "todos os curdos na região e não apenas de algumas forças [uma referência às Unidades de Proteção Popular, YPG]".
"Se não for assim, esse Estado não pode ser considerado curdo. Defendemos a atribuição de direitos legais para todos os curdos. Os curdos devem decidir seu destino em suas terras no Iraque e na Síria. Hoje em dia, a atenção está focada no Curdistão sírio e ele merece obter seus direitos", resumiu Mihemmed.
A tentativa de chegar a um acordo
No início de março, em Antália, Turquia, se reuniram os chefes dos estados-maiores da Rússia, Turquia e Estados Unidos. Formalmente, Valery Gerasimov, Hulusi Akar e Joseph Dunford, os representantes de cada país, respectivamente, discutiram os "problemas gerais de segurança no Iraque e na Síria". Oficialmente, não foram revelados os detalhes da conversa, mas, de acordo com várias mídias turcas, entre outras coisas, foram discutidos os princípios que podem ajudar as partes a estabelecer uma parceria para o próximo ataque a Raqqa e a evitar o 'fogo amigo'.
Entre as forças democráticas e Ancara
Raqqa está cercada por forças turcas e formações curdas. Os curdos sírios ajudam o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado por Ancara como separatista e terrorista.
Washington está em uma situação muito complicada. Por um lado, a Turquia é seu parceiro na OTAN, por outro, os curdos são um aliado confiável e testado na luta contra o Daesh. Antes era possível cooperar com os dois, quando estavam mais ou menos separados, mas agora estão se aproximando de um contato físico.
Por sua vez, Ancara exige que os EUA deixem de apoiar as FDS.
Bashar al-Assad e o corpo de fuzileiros navais dos EUA
Até há pouco tempo, o Exército sírio participou de fortes combates na região de Damasco e Palmira. No entanto, Bashar al-Assad não pensa em ficar longe do que está acontecendo em Raqqa. O presidente anunciou o início da operação militar para libertar a cidade.
"Agora estamos perto de Raqqa. As nossas tropas chegaram ao rio Eufrates, que fica muito perto de Raqqa, cidade que representa hoje o reduto de Daesh. Portanto, Raqqa é uma prioridade para nós", argumentou Assad.
Neste cenário complexo, em que 'todos estão contra todos", mas todos juntos estão contra o Daesh, a Rússia atua como aliado e parceiro de Assad, mas também tem contatos de trabalho sobre a questão síria com a Turquia, o Iraque, os curdos e até mesmo com uma certa parte da oposição, cujos representantes visitaram Moscou várias vezes.