Guerra no golfo Pérsico: Riad causa ameaça a Teerã ou para ela mesma?

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Arábia Saudita ameaçou Irã a iniciar guerra no golfo Pérsico, acusando Teerã em "intervir nos assuntos intentos dos países árabes e violar na segurança dos países do golfo Pérsico".

Eis a declaração do embaixador da Arábia Saudita no Egito, Ahmed Bin Abdul-Aziz Kattan, em entrevista ao canal de televisão egípcio Al Hayat TV:

"O Irã intervê nos assuntos internos de tais países como Líbano, Iraque e os Estados do golfo Pérsico. Os países do golfo Pérsico e sua segurança são linha vermelha para nós. Não permitirmos que [Irã] intervenha. Eles não devem tentar nossas forças. Mas se eles [iranianos] quiserem tentar nosso poder e desestabilizar a situação nos países do golfo Pérsico, sermos capazes de prestar resistência ao Irã."

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Para esclarecer a situação, a Sputnik Persa falou com o especialista em Assuntos do Oriente Médio e membro do Instituto de Estudos Estratégicos do Oriente Médio do Irã, Mohammad Ali Mohtadi que, por sua vez, está seguro que o embaixador vá demasiado longe, fazendo tais declarações sobre o Irã:

"É o Irã quem está guardando a segurança tentando manter paz e estabilidade nos países da Região, mas a Arábia Saudita comete crimes horríveis e ultraje, invadindo Iêmen e Bahrein, fazendo, ao mesmo tempo, acusações infundadas em relação à República Islâmica."

O especialista também destacou que essas acusações contra o Irã são "mentiras absolutas". Segundo ele, "Irã é a favor da estabilidade e segurança de toda a região, ou seja, todos os países, incluindo os países árabes do golfo Pérsico".

Entretanto, "é a política conduzida pela Arábia Saudita desde o início do reinado de Salman bin Abdulaziz Al Saud que abala a segurança na região. A falta de perspectiva desta política é notada desde que seu filho jovem, inexperiente e ambicioso, príncipe herdeiro, Mohammad Bin Salman Al Saud passou a tomar decisões".

© REUTERS / Khaled AbdullahManifestante participando de protesto contra dois anos de ataques da coalizão liderada pela Arábia Saudita no Iêmen. Sanaa, 26 de março
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Para provar seu ponto de vista, o especialista iraniano dá exemplos quanto à intervenção da Arábia Saudita em outros países:

"Há dois anos, a Arábia Saudita bombardeou o Iêmen, matando dezenas de milhares de civis. Durante esse período quase toda a infraestrutura [do país] foi destruída. […] Arábia Saudita apresentou sua interferência na luta contra a influência do Irã no Iêmen, mas não havia militares iranianos ali, e agora também não há. Hoje, o Iêmen está completamente bloqueado. Civis morrem de fome, faltam serviços médicos e sofrem de doenças."

"Tudo isso é resultado da política criminosa da Arábia Saudita", indicou.

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Segundo o especialista em Assuntos do Oriente Médio, no Bahrein a situação é muito parecida: "O povo deste país exigiu que seus direitos e liberdades, em particular, o direito em participar das eleições parlamentares seja garantido, não obstante, a Arábia Saudita, sob pretexto de que Irã intervenha nos assuntos deste país [Bahrein], envia seu exército para esmagar demonstrações do povo de Bahrein, mas acusa o Irã da ação."

O mesmo acontece em outros países, opina o especialista, destacando que "a política externa destruidora" da Arábia Saudita "causou a desestabilidade e agitações" nos países do golfo Pérsico.

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Vale apontar que o Irã tem retiradamente declarado que deseja amizade e paz com todos os países da região, incluindo a Arábia Saudita. Nota-se que, atualmente, o país esteja bem relacionado com tais países como Kuwait, Qatar e Omã. Além disso, está cooperando com os Emirados Árabes Unidos (EAU) na área econômica e comercial.  

"Intervenção do Reino da Arábia Saudita nos assuntos interiores de Bahrein, Iêmen, Síria, Iraque e outros países árabes, bem como a política do Reino é a razão das crises, desestabilidade e agitações. Eles (sauditas) usam Irã como corda para pendurar ‘sua roupa suja' e para acusá-lo de suas derrotas."

© AFP 2023 / FAYEZ NURELDINE Artilharia da Arábia Saudita
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Artilharia da Arábia Saudita

No balanço geral, o especialista acrescentou que uma guerra entre Irã e Arábia Saudita é pouco provável, pois, neste caso, "afetaria todos os países do golfo sem exclusão alguma".

De acordo com ele, "não são tão estúpidos para iniciar uma guerra no golfo Pérsico, pois claro que não são suicidas."

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Finalmente, o especialista iraniano sugere prestar atenção à invasão militar da Arábia Saudita do Iêmen que "se tornou uma destruição do seu próprio reino". Os bombardeios no Iêmen pela Força Aérea saudita tiveram lugar há dois anos, mas eles ainda "não conseguiram alcançar seus objetivos".

"Eles não podem nem avançar, nem tropeçar. Se a situação continuar, Arábia Saudita irá sofrem perdas graves, considerando que os mísseis iemenitas usados pela autodefesa, são capazes de atingir Riad. Estamos esperando que Arábia Saudita finalmente chegue à conclusão que tal política não é razoável ou racional".

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