'EUA buscam criar na América Latina situação militar igual à do Oriente Médio'

© REUTERS / Dado RuvicAn unloaded Twitter website is seen on a phone without an internet connection, in front of a displayed ISIS flag in this photo illustration in Zenica, Bosnia and Herzegovina, February 3, 2016
An unloaded Twitter website is seen on a phone without an internet connection, in front of a displayed ISIS flag in this photo illustration in Zenica, Bosnia and Herzegovina, February 3, 2016 - Sputnik Brasil
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Estados Unidos e seus aliados estão preparando o terreno na América Latina pra uma intervenção a longo prazo, disse à Sputnik o especialista em relações internacionais, Ghazi Nassendini, presidente do Centro de Análise e Estudos Global AZ.

"Os Estados Unidos estão preparando condições para os próximos anos, para criar uma situação muito semelhante à do Oriente Médio na América Latina que justifique sua intervenção direta nos assuntos de outros países", explicou o especialista.

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Os EUA podem defender de forma mais "simples" sua intervenção militar e política, assim como "estabelecer regimes neocoloniais obedientes às políticas norte-americanas", caso declarem a existência de ameaça à sua segurança, indicou Nassendini.

Antes de avaliar se a América Latina poderia ser uma zona de trânsito para grupos terroristas como o Daesh — proibido na Rússia, o analista acredita ser preciso observar a proliferação da doutrina e da formação destes grupos.

"Agora nós temos que fixar e advertir a nível mundial de onde chega o pensamento salafista-wahhabita, porque é dali que vão surgindo estes grupos terroristas que se preparam para algo no futuro", explicou.

Segundo Nassendini, a criação destes grupos foi útil para que Washington pudesse derrubar os governos aliados da União Soviética na década de 80, como é o caso do Afeganistão e Paquistão.

"E como isso funcionou para os Estados Unidos e para seus aliados no Golfo Pérsico, eles optaram por esta política em vários lugares", comentou.

Atualmente, a existência do Daesh serviu para levar as tropas dos EUA para a Síria, apesar de não terem uma relação "muito amistosa" com o governo do presidente Bashar Assad, considerou o analista.

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"De nenhuma forma, o governo sírio permitiria aos EUA que tivessem bases militares, aéreas, marítimas, de veículos blindados, em seu território, porém, aproveitando-se da situação dos terroristas — enviados, financiados e treinados pelo Ocidente, EUA concederam para si próprios o direito de intervir na Síria militarmente", afirmou.

Neste sentido, o analista adverte para todos os países da América Latina sobre a presença de escolas e fundações que difundem e formam cidadãos nas crenças do Daesh.

"Realmente os países devem prevenir isto e, para fazê-lo, devem contar com políticas estratégicas, realmente sujeitas ao direito internacional, aos direitos humanos, e ter uma supervisão muito aguda sobre o pensamento propagados nestes colégios, nestas escolas", indicou.

Embora Nassendini diga que não pode afirmar que não haja grupos jihadistas na Venezuela e em outros países da região, ele alertou sobre as condições para a propagação destas crenças.

"Não posso dizer que existam jihadistas que sejam elementos já formados, já treinados, com objetivos, com base, com plataforma; isso não posso dizer, mas existem condições que criam os jihadistas, e isso é muito pior", assinalou.

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Em relação a isso, recordou que os Estados Unidos estão trabalhando a longo prazo e que os governos da região, "sejam de esquerda ou de direita", carecem de "maturidade política e governabilidade necessária" para prevenir esta situação, já que estas condições os convertem em uma presa fácil para uma intervenção estrangeira.

Alguns dias atrás, tanto o direto adjunto do Departamento de Novos Desafios e Ameaças do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Dmitry Feoktistov, como o chefe do Comando do Sul dos EUA, almirante Kurt Tidd, fizeram referência à possibilidade de que, no futuro, integrantes do Daesh possam utilizar países da América Latina e do Caribe como territórios de trânsito.

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