Ao comentar o assunto para o serviço russo da Rádio Sputnik, o professor da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo e especialista em assuntos latino-americanos, Viktor Jeifets, relembrou que o Brasil não é o único país onde a Odebrecht está envolvida em escândalos de corrupção.
O especialista frisou que, embora o valor da multa seja bastante impressionante, a empresa "não terá outra saída a não ser pagar, caso queiram continuar fazendo negócios".
"De qualquer modo, eles terão que se defender perante a Justiça em muitos países. E se eles querem continuar fazendo negócios em outros países, eles terão que lidar com todos os casos indecorosos que vieram à tona. Lidar, isto é, pagar compensações, fazer depoimentos etc", ressaltou.
Basta relembrar que o valor da multa coincide com o valor pago pela empresa em subornos entre 2005 e 2014. Porém, Jeifets afirma que a empresa ganhava muito mais.
Ao falar o que mais pode se esconder abaixo do "topo do iceberg", o analista frisa que há, com efeito, muitos outros esquemas que serão descobertos.
"Já vemos que a corrupção é um fenômeno que existe além dos limites da ideologia e dos partidos. Entre os suspeitos e aqueles que já foram provados como culpados, há representantes de todos os partidos, tanto os de esquerda, como de direita", afirmou, detalhando que no Brasil, tanto o ex-partido no poder, PT, como o atual, PMDB, sujeitaram-se às respectivas investigações.
"No Peru, a mesma coisa. É um fenômeno continental, não apenas brasileiro. A corrupção roeu todo o continente", ressaltou.
"Acho que veremos novos nomes, novos partidos [envolvidos], e não só no Brasil, e, talvez, algumas tentativas de reverter vários processos. Por exemplo, há pouco a ex-presidente, Dilma Rousseff, destituída na sequência de impeachment, apresentou uma demanda ao Tribunal, exigindo anular o processo. […] Acho que ela não poderá voltar ao seu posto, mas isso [o escândalo] vai prejudicar muito o partido de Temer", resumiu.