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Especialista sobre missão no Haiti: ‘são 13 anos de dor, de sofrimento, de ocupação’

© REUTERS / Andres Martinez CasaresHaitianos protestam para exigir à MINUSTAH (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti) que pague pelo surto de cólera no Haiti em 2010 durante uma manifestação em Port-au-Prince, Haiti. Foto tirada em 15 de fevereiro de 2017.
Haitianos protestam para exigir à MINUSTAH (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti) que pague pelo surto de cólera no Haiti em 2010 durante uma manifestação em Port-au-Prince, Haiti. Foto tirada em 15 de fevereiro de 2017. - Sputnik Brasil
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O anúncio sobre o fim da missão de paz mantida pela ONU no Haiti foi bem recebido por vários setores do país. Segundo Camille Chalmers, professor universitário, foram 13 anos de "sofrimento" e "violação dos direitos básicos do povo".

O economista debateu no programa "Telescopio" da Spunik Mundo sobre ps motivos manifestados pelo secretário geral da ONU, António Guterres, ao finalizar em outubro de 2017, a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah, na siga em francês). O analista haitiano se expressou a favor da medida, exigida por vários setores da sociedade "há muito tempo".

"São 13 anos de dor, de sofrimento, de uma ocupação que não atingiu os objetivos fixados… São 13 anos de violação dos direitos básicos do povo do Haiti. O importante é que a ONU reconheça sua culpa nos danos e feitos e entre em um processo de reparação pagar suas dívidas aos haitianos, assim que saudamos essa decisão. É importante ressaltar o balanço negativo desta missão. Agora uma redefinição completa das relações com Haiti", afirmou Chalmers.

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Para o entrevistado, a Minustah teve "ingerência permanente" nas últimas eleições realizadas no país insular, "tratando de controlar os comícios, os resultados e influenciar na designação das autoridades". Para o acadêmico, "o povo tem vivido com muita frustração, cólera e indignação", os sentimentos que se vê refletiram na "participação muito baixa" da cidadania nas eleições de novembro de 2016.

A consulta eleitoral, disse, se desenvolveu "em um clima desfavorável para a credibilidade das instituições democráticas". "Isso significa que estamos em um processo de consolidação de construção de uma relação de confiança entre o povo e o Estado".

Chalmers considerou que "é importante que os militares saiam", mas "não é o elemento final porque há muitos outros mecanismos de controle externos". O professor disse que o país está seguindo "políticas neoliberais" devido ao interesse de outros países. Por isso, a opinião que a nação deve "tomar consciência de todo o [aspecto] negativo" que viveu nos 13 anos "para entrar em um verdadeiro e autêntico processo de recuperação da soberania nacional".

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Economicamente, o panorama não é o melhor: como explicou o especialista, nos últimos três anos, a moeda nacional se desvalorizou em 60%, o que provocou uma queda da metade dos salários reais. Os rendimentos dos haitianos caíram e não houve aumento. 57% da população vive com US $ 1,9 (cerca de R$ 5,90) por dia, praticamente em situação de miséria. O furacão Matthew arrasou com os recursos de subsistência de boa parte da população.

Os jovens do país que têm a oportunidade abandonam a ilha em busca de melhores perspectivas, sobre todos os outros países latino-americanos como o Chile, Equador o Brasil. Este êxodo não se deve unicamente pela frágil conjuntura econômica, mas também pela situação política.

"As últimas eleições foram ganhas pelos setores de direita que têm certa nostalgia quanto a restabelecer um sistema autoritário" como o que regeu o país durante o mandato de [Jean-Claude] Duvalier (Baby Doc)". Isso se traduziu em novas leis que conduziram, ao entender do entrevistado, "ao restabelecimento de um apoio do clima repressivo apoiado por setores da comunidade internacional". Estas normas abrem caminho para favorecer "a dependência da economia nacional do serviço de transnacionais norte-americanas".

Por um longo tempo, a composição principalmente latino-americana das trocas da Minustah foi destacada por expoentes da região. Para Chalmers, "as forças de ocupação, independentemente da sua origem, ferem os povos e são uma afronta à dignidade nacional". O economista disse que "as forças latino-americanos foram usadas e manipuladas dentro de um projeto imperial controlado pelos EUA e a União Europeia".

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