Irã poderá intervir militarmente no Paquistão para eliminar células terroristas?

© Sputnik / Ilya Pitalev / Acessar o banco de imagensVeículo de combate de infantaria iraniano BMP-2 no terceiro dia de Jogos Internacionais do Exército, região de Moscou, Rússia, 1 de agosto de 2016
Veículo de combate de infantaria iraniano BMP-2 no terceiro dia de Jogos Internacionais do Exército, região de Moscou, Rússia, 1 de agosto de 2016 - Sputnik Brasil
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Enquanto no próprio Irã decorre ativamente a corrida presidencial, na frente externa se adensam mais nuvens negras sobre o país. A elevada tensão se criou, desta vez, nas relações com seu vizinho de sudeste, o Paquistão.

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Anteriormente, guardas de fronteira iranianos que estavam patrulhando o território da cidade de Mirjaveh, na província de Sistão-Baluchistão, foram de repente atacados por um grupo de terroristas fortemente armados. Na sequência do confronto, morreram 10 guardas de fronteira, enquanto 3 ficaram feridos. Os criminosos, por sua vez, conseguiram se refugiar em território paquistanês.

Os diplomatas iranianos apresentaram seu protesto à parte paquistanesa e exigiram que a segurança fosse melhor garantida. O chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas iranianas, general de divisão Mohammad Hossein Bagheri, também reagiu com dureza ao assunto. Em um programa do canal IRINN, ele afirmou: "Infelizmente, o território fronteiriço em terra paquistanesa se tornou um refúgio e polígono de treinamento para os terroristas contratados pela Arábia Saudita com o aval dos EUA."

Além disso, o general ameaçou abrir fogo em resposta às provocações.

"A situação existente na fronteira comum é completamente inaceitável para nós. Esperamos que as autoridades paquistanesas tomem controle da fronteira, detenham e extraditem os terroristas, bem como liquidem suas bases. Caso os ataques continuem [a partir de território paquistanês], nós vamos efetuar ataques demolidores contra os refúgios e campos dos terroristas, onde quer que eles estejam", advertiu o militar iraniano.

A Sputnik Persa efetuou uma pesquisa sobre a hipótese de o Irã conduzir uma operação militar antiterrorista em território paquistanês. O especialista permanente da Sputnik e editor executivo da edição Iran Press, Emad Abshenass, esclareceu que o país não está planejando qualquer ato de agressão contra seu vizinho, mas está pronto para desferir um golpe simétrico para garantir sua segurança.

"As relações do Irã com seu vizinho sudeste têm sido sinceras e amistosas desde a fundação da República Islâmica do Paquistão até hoje. Infelizmente, o último incidente teve a participação de uma terceira parte — a Arábia Saudita. Visando criar discórdia entre os nossos dois países, Riad financiou as estruturas políticas e militares em Islamabad com o fim de criar campos para os terroristas no território paquistanês, os quais se poderá a qualquer momento enviar com uma ‘missão' extremista até às fronteiras orientais do Irã. Seu objetivo final é penetrar dentro do Irã e minar o sistema de segurança do país", assegurou.

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Segundo o jornalista, os iranianos estão, com efeito, preocupados com o problema e esperam que as autoridades paquistanesas acabem por tomar o controle dos territórios fronteiriços.

"É de assinalar que os terroristas têm polígonos de treinamento precisamente no território paquistanês. Ao mesmo tempo, o potencial do Exército paquistanês lhe permite não só reduzir, mas até liquidar todos os campos e bases dos terroristas", sublinhou ele, adiantando que, em conformidade com o direito internacional, o governo paquistanês não deve permitir que no seu território haja polígonos e quaisquer bases de extremistas que possam ser usados para atacar os territórios vizinhos.

"De acordo com todas as normas e regras, o Irã, em caso de outro ataque terrorista, tem o direito de empreender medidas de resposta, tanto mais que todas as advertências em relação a isso já foram expressas à parte paquistanesa", destacou.

De acordo com o especialista, o Irã já emitiu os respetivos avisos, tanto no sentido político como militar, aos seus vizinhos. Estes avisos "não devem ser compreendidos como uma ameaça de agressão ou ataque militar por parte do Irã contra seu vizinho", já que neste contexto "o Irã se vê obrigado a garantir sua segurança".

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