Para o Professor de Relações Internacionais da PUC-RIO, Paulo Wrobel, ainda seria prematuro firmar qualquer juízo de valor sobre possíveis reviravoltas nas prioridades da política externa brasileira. Afinal, quando José Serra assumiu o cargo, hoje exercido por Aloysio Nunes Ferreira, ficou bem claro para a nação e para a comunidade internacional que o Brasil iria retomar e fortalecer seu relacionamento com os Estados Unidos e os países da Europa.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o Professor Paulo Wrobel afirmou:
"Talvez seja um pouco cedo para responder tranquilamente sobre isso [a África voltando a ser prioritária para o Brasil]. Certamente, essa medida significa, senão um retorno, pelo menos uma mudança em relação ao que havia sido anunciado no início do governo Michel Temer [em termos de política externa]. O sentido original daquele período era o de fortalecer o relacionamento com as potências centrais – Estados Unidos e países da Europa – além de manter o relacionamento com a Rússia e com a China, que é muito forte. Esse périplo pelos cinco países africanos não quer dizer nem sim nem não, nem bom nem ruim. Pode ser apenas a retomada de um diálogo com estes países e, em especial, com a África do Sul, parceiro do Brasil no grupo BRICS".
Para o Professor Paulo Wrobel, o Brasil poderia consolidar sua posição de investidor e exportador para os países africanos, a exemplo do que fez no passado recente:
Paulo Wrobel também comentou como se posicionam as relações brasileiras e sul-africanas no âmbito do grupo BRICS:
"Para ser franco, a África do Sul é o país de menor potencial comercial dentre os cinco membros do grupo BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]. A África do Sul se juntou aos BRICS como representante do continente africano mas não dá para comparar sua dimensão, tamanho de mercado, tamanho populacional, volume de mercado com a importância política e econômica de Rússia, Índia e China. Ao concentrar suas relações no grupo, o Brasil deveria se concentrar sobre estes três países mas não deve abrir mão do relacionamento com a África do Sul para manter sua visão, digamos, africanista".
Diante de gigantes da economia mundial como Estados Unidos, China e Rússia, o Brasil teria condições de competir na África? Paulo Wrobel responde: