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O bom filho à casa torna: Brasil se reaproxima da África

© AP Photo / Justin LynchStudents line up outside a classroom with a map of Africa on its wall, in Yei, in southern South Sudan (File)
Students line up outside a classroom with a map of Africa on its wall, in Yei, in southern South Sudan (File) - Sputnik Brasil
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O Brasil parece ter retomado seu interesse pela África. Pelo menos, isso é o que dá a entender o périplo do Ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, por cinco países africanos que foi concluído nesta segunda-feira, 15 de maio.

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Para o Professor de Relações Internacionais da PUC-RIO, Paulo Wrobel, ainda seria prematuro firmar qualquer juízo de valor sobre possíveis reviravoltas nas prioridades da política externa brasileira. Afinal, quando José Serra assumiu o cargo, hoje exercido por Aloysio Nunes Ferreira, ficou bem claro para a nação e para a comunidade internacional que o Brasil iria retomar e fortalecer seu relacionamento com os Estados Unidos e os países da Europa.

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o Professor Paulo Wrobel afirmou:

"Talvez seja um pouco cedo para responder tranquilamente sobre isso [a África voltando a ser prioritária para o Brasil]. Certamente, essa medida significa, senão um retorno, pelo menos uma mudança em relação ao que havia sido anunciado no início do governo Michel Temer [em termos de política externa]. O sentido original daquele período era o de fortalecer o relacionamento com as potências centrais – Estados Unidos e países da Europa – além de manter o relacionamento com a Rússia e com a China, que é muito forte. Esse périplo pelos cinco países africanos não quer dizer nem sim nem não, nem bom nem ruim. Pode ser apenas a retomada de um diálogo com estes países e, em especial, com a África do Sul, parceiro do Brasil no grupo BRICS".

Para o Professor Paulo Wrobel, o Brasil poderia consolidar sua posição de investidor e exportador para os países africanos, a exemplo do que fez no passado recente:

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China ativa 'diplomacia ferroviária' na África
"O Brasil já teve uma relação muito intensa com a África nos anos 70, por exemplo, quando o Brasil tentou se colocar como um país exportador de produtos industriais. Em especial, destacaria dois países de língua portuguesa, Angola (grande produtor de petróleo) e Moçambique. Mas, de modo geral, podemos dizer que o Brasil tem grandes interesses na África, continente em que alguns países estão indo muito bem e representam enorme potencial de consumo para os produtos brasileiros."

Paulo Wrobel também comentou como se posicionam as relações brasileiras e sul-africanas no âmbito do grupo BRICS:

"Para ser franco, a África do Sul é o país de menor potencial comercial dentre os cinco membros do grupo BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul]. A África do Sul se juntou aos BRICS como representante do continente africano mas não dá para comparar sua dimensão, tamanho de mercado, tamanho populacional, volume de mercado com a importância política e econômica de Rússia, Índia e China. Ao concentrar suas relações no grupo, o Brasil deveria se concentrar sobre estes três países mas não deve abrir mão do relacionamento com a África do Sul para manter sua visão, digamos, africanista".

Diante de gigantes da economia mundial como Estados Unidos, China e Rússia, o Brasil teria condições de competir na África? Paulo Wrobel responde:

Djibouti - Sputnik Brasil
Por que China está na porta da África
"Por enquanto, acho que não. O grande destaque em termos de investimentos na África nos últimos 10, 15, 20 anos é a China. A China vem com investimentos muito intensos na área de energia, principalmente petróleo, mas também em recursos naturais e na produção de alimentos com a compra de grandes territórios na África. Neste final de semana, inclusive, a China anunciou investimentos muito fortes na África e em outros países da Ásia, da ordem de trilhões de dólares. O anúncio do governo chinês foi feito na presença de líderes das nações africanas e asiáticas. Então, comparado com a China – e mesmo com Estados Unidos e países da Europa – o Brasil é apenas e tão somente um modestíssimo investidor na África. Ainda assim, o continente se colocaria como uma especial área de interesse para o Brasil", concluiu o especialista.

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