O senador acredita que Temer ainda pode renunciar daqui a mais alguns dias e que está aguardando o momento certo para renunciar. Em todo o caso, para Capiberibe, os dias da presidência de Michel Temer estão contados.
"Eu não acredito que o presidente consiga passar além da próxima semana sem renúncia", declarou.
Lembramos que na última quarta-feira (17), foi divulgada a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da empresa JBS, no âmbito da Operação Lava Jato, revelando uma gravação em que Michel Temer teria autorizado o pagamento de propina para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. "Tem que manter isso, viu?", teria dito Temer na gravação.
Possibilidades de Temer deixar o cargo
O senador João Capiberibe apresentou à Sputnik Brasil três possibilidades de o presidente deixar o poder:
Tocando a questão do impeachment, ele disse que o seu partido, o PSB, junto com o PDT, PCdoB, PSOL, a Rede e o PT protocolou o pedido de impeachment na Secretaria da Câmara Federal do presidente Temer.
Além disso, o senador Capiberibe acredita que, se tiver processo de impeachment, será muito mais rápido de que no caso de Dilma porque Michel Temer perdeu o apoio.
"Eu tenho certeza que esse processo seria muito rápido até porque os partidos da base de Temer estão desembarcando do governo. O PSDB acaba de protocolar também o pedido de impeachment. De fato Temer está sendo abandonado pelos seus apoiadores e isso facilita — e eu diria agiliza — o processo de impeachment".
O que virá depois da saída de Temer — eleições diretas ou indiretas?
O senador do PSB se manifestou preocupado com o período pós-Temer que, segundo ele, já está se aproximando, pois para Capiberibe "não vai passar a semana que vem com Temer na presidência". E quando Temer deixar o cargo, a única alternativa legal, constitucional que o Brasil tem hoje seria uma eleição indireta. O Senado e a Câmara elegeriam o próximo presidente para cumprir o mandato até o final de 2018.
Porém, o senador João Capiberibe acredita que este cenário não será aceito pela sociedade brasileira por falta de credibilidade e legitimidade do parlamento tendo em conta que mais de 100 parlamentares estão sendo investigados por envolvimento em esquemas de corrupção.
"Se a pressão das ruas chegar com força e invadir o Congresso Nacional, esta pressão do povo que tem uma solução para a crise, eu tenho a impressão de que a gente pode tramitar com mais rapidez a PEC das eleições diretas e finalmente dar palavra a quem é de direito: o povo."
Entretanto na quinta-feira (18) manifestações pela saída de Michel Temer e eleições diretas já abalaram várias cidades no Brasil.
Propostas de eleições diretas
Capiberibe contou à Sputnik Brasil que agora tramitam várias propostas de eleições diretas no parlamento. Uma é dele, apresentada no início do ano passado e que está na CCJ.
Mas há outra:
Entretanto, se uma dessas propostas for aprovada, o Brasil terá eleições presidenciais em 2017 e em 2018.
O senador também explicou as diferenças entre as duas propostas:
"A proposta seria para a eleição imediata para um mandato tampão — essa do deputado Miro Teixeira. A minha também. A minha é um pouco mais demorada, porque teria que fazer primeiro uma consulta popular, uma consulta ao povo e aí depender da resposta se a maioria do povo deseja uma nova eleição, então o TSE teria 30 dias para promover esta nova eleição. A [proposta] do deputado Miro Teixeira não precisa de consulta popular. Ela é direta: aprovou, as eleições vão acontecer imediatamente".