'Objetivo principal das manobras dos EUA no oceano Pacífico é a China'

© AP Photo / Xinhua/ Jin DanhuaCaças Su-30 da Força Aérea chinesa (foto de arquivo)
Caças Su-30 da Força Aérea chinesa (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Na sexta-feira (19) dois caças chineses Su-30 interceptaram o avião dos EUA WC-135 Constant Phoenix sobre o mar da China Oriental.

Uma das ilhas pequenas no mar da China Oriental conhecido como Senkaku no Japão e Diaoyu na China (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
2 caças chineses interceptam avião norte-americano sobre mar da China Oriental
A função do avião norte-americano é o reconhecimento radiotécnico. Como sempre, as autoridades dos EUA declararam que a intercepção foi feita de modo pouco profissional. Um ano atrás os caças chineses haviam interceptado um avião de espionagem americano RC-135 sobre mar do Sul da China, o Pentágono chamou as ações da aviação chinesa de perigosas e Pequim, por sua parte, pediu aos EUA que parassem os voos de coleta de informações.

O aliado mais próximo dos EUA na região, o Japão, fez decolar um avião F-15 devido ao alerta de aparecimento de um drone na área das ilhas disputadas Senkaku. Segundo o serviço de segurança japonês, quatro navios chineses entraram na quinta (18) nas águas territoriais do Japão perto das ilhas Senkaku. Depois, foi lançado um drone de um dos navios. O Ministério das Relações Exteriores enviou uma nota de protesto para a China através da sua embaixada.

A Marinha dos EUA começou no mesmo dia a deslocação do seu porta-aviões USS Ronald Reagan da base japonesa de Yokosuka para a costa coreana, onde já se encontra o grupo de ataque chefiado por outro porta-aviões, o USS Carl Vinson.

Para que precisam os EUA de dois grupos de ataque ao mesmo tempo na área da península da Coreia?

Particularidades das manobras

Costuma-se dizer que a situação tensa na península da Coreia ficou mais grave devido ao último teste de míssil realizado por Pyongyang em 14 de maio. Mas o grupo naval chefiado pelo USS Carl Vinson foi enviado para área muito antes, o mesmo aconteceu com as manobras conjuntas de Seul e Washington, destinados a mostrar o poder dos EUA à Coreia do Norte. O analista da Sputnik Aleksandr Khrolenko destaca que os testes de Pyongyang como regra coincidem com treinamentos dos EUA e Coreia do Sul.

USS Ronald Reagan, porta-aviões norte-americano - Sputnik Brasil
Opinião: Coreia do Norte não é principal objetivo do porta-aviões USS Ronald Reagan
Mais cedo, o Pentágono deslocou dois destroieres para uma zona a 500 km da costa norte-coreana, explicando que a existência de armas nucleares na Coreia do Norte é inaceitável, enquanto a NBC informou sobre um possível ataque preventivo contra Pyongyang. Por sua parte, Han Song-ryol, vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Norte, acusou Trump de criar um "círculo vicioso" de tensão na região.

"Ora, este círculo é muito mais largo do que parece. O objetivo principal das manobras dos EUA no oceano Pacífico é a China", opina analista Khrolenko.

O avião WC-135 Constant Phoenix interceptado, cuja missão é coletar amostras da atmosfera para detectar e identificar explosões nucleares, realizava uma operação de rotina no espaço aéreo internacional sobre o mar da China Oriental. Mesmo assim, a aeronave não deixa de ser um avião de reconhecimento e sabemos que águas do mar da China Oriental banham a China.

O voo de WC-135W Constant Phoenix é apenas pequeno elo na série de acontecimentos, destaca Krolenko.

Outro fato para o qual o analista russo chama atenção é a implantação de cinco drones de espionagem Global Hawk na base japonesa de Yokosuka. Os Global Hawk podem detectar objetos a 16 km de altitude. A autonomia de voo destes drones é de 34 horas. É pouco provável que toda essa alta tecnologia seja usada apenas contra Pyongyang.

A China, mostrando sua boa vontade, devolveu aos EUA o drone submarino interceptado em 15 de dezembro no mar do Sul da China, mas a tensão na região não baixou. A recente demonstração de poder dos EUA é destinada não apenas à Coreia do Norte. Os norte-americanos tentam manter a sua influência na região a todo o custo, sublinha Khrolenko.

Desentendimento que dura há séculos

A China, Vietnã, Filipinas, Malásia, Brunei e Japão têm disputas territoriais sobre fronteiras marítimas nos mares da China Oriental e do Sul da China.

Grupo de ilhas disputadas no mar do Sul da China: Uotsuri, Minamikojima e Kitakojima denominados Senkaku no Japão e Diaoyu na China (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
Japão protesta contra China devido à violação da soberania das ilhas disputadas
As ilhas de Senkaku (Diaoyu, em chinês) são objeto de disputa entre China e Japão desde o início da década de 70. O Japão sustenta que ocupa as ilhas desde 1895 e que elas não pertenciam a ninguém até então. A China insiste que as ilhas fazem parte do Império Chinês já há 600 anos. Depois da Segunda Guerra Mundial, as ilhas passaram a ser controladas pelos EUA, sendo transferidas ao Japão em 1972, juntamente com a ilha de Okinawa. Taiwan e a China continental acreditam que Japão detém as Ilhas ilegalmente.

A situação se agravou em 2013 quando a China pediu que todas as informações sobre voos realizados sobre o mar do Sul da China na área das ilhas disputadas lhe fossem entregues. A decisão foi encarada de modo negativo por muitos países. O Japão declarou que vai interceptar todos os drones chineses que apareçam na área. A parte americana sublinhou o caráter ilegítimo da construção das ilhas artificias pela China no mar do Sul da China. Washington tem intenção de proibir acesso às ilhas disputadas para chineses.

Mar do Sul da China - Sputnik Brasil
China instala mísseis no mar do Sul da China (FOTOS)
Parece que a China está irritada com a atividade de controlo da Marinha dos EUA e do sistema THAAD instalado na Coreia do Sul. No entanto, a China continua a exploração econômica dos mares adjacentes. Por exemplo na quinta-feira (18) a China anunciou que tem realizado com êxito a extração de hidrato de gás natural, ou do assim chamado "gelo combustível", do fundo do mar do Sul da China. A descoberta pode dar início à passagem para energias alternativas limpas no futuro.

Falando da expansão chinesa, a mídia americana publica regularmente artigos sobre a atividade "imperial" e a expansão da China na Ásia e África. Seja como for, sublinha Khrolenko, a concorrência pacífica de Pequim não tem nada a ver com as campanhas sangrentas dos EUA no Oriente Médio durante as últimas décadas, concluiu o analista russo.

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