"Na África Ocidental os interesses da China colidem de modo significativo com os da França. A Mauritânia, Mali, Costa do Marfim e Níger são antigas colônias francesas. Nos últimos anos a China tenta ativamente expulsar a França desta região. A zona é muito rica em recursos naturais, mas muito difícil em termos de estabilidade política", frisa Bondarenko.
O especialista explica que não tem nada de novo no interesse da China na África, pois o objetivo principal é econômico, ligado ao acesso às riquezas naturais da África. No caso de Cabo Verde, se trata do peixe, a Costa do Marfim é rica com vários recursos naturais. As missões diplomáticas são destinadas a ajudar a China a avançar nesta direção.
Jia Lieying, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Línguas de Pequim, por seu lado, acredita que o interesse da China na África tem a ver com o avanço da Nova Rota da Seda.
"A missão do chanceler Wang Yi na África mostra o estatuto deste continente na diplomacia chinesa. Em primeiro lugar, todos os países africanos são países em desenvolvimento e a China é o maior país em desenvolvimento no mundo. Eles têm ligações muito estreitas. São unidos pela luta contra os colonizadores e pela independência", diz Jia Lieying.
"Do ponto estratégico a China estimula o desenvolvimento regional, inclusive com o avanço do conceito 'Um Cinturão e Uma Rota'. O fórum internacional recém-realizado em Pequim, dedicado à cooperação no âmbito da nova Rota da Seda, acelerou muito a realização deste projeto. Os países da África são uma região benéfica para a Rota da Seda", afirma Jia Lieying.
Os líderes mundiais não visitam frequentemente os países pouco desenvolvidos da África Ocidental. Por isso a visita do chanceler chinês à Mauritânia, Cabo Verde, Mali e Costa do Marfim é um passo muito forte no apoio político a estes países pela China. Isto contribui para reforçar a autoridade destes países tanto aos olhos dos próprios africanos, quanto em todo o mundo.