"Essas observações nos permitiram revelar os enigmas da parte mais desconhecida da Via Láctea, onde habitam as estrelas mais antigas. Quando os pares de anãs brancas se aproximam demais, a estrela maior "arranca" parte da matéria da sua companheira menor, se tornando um bomba termonuclear, cuja explosão gera quase toda a antimatéria da galáxia", explica Roland Crocker da Universidade Nacional da Austrália, em Camberra.
As fontes desta matéria têm sido procuradas há quase 50 anos. Entre os possíveis candidatos estão as supernovas "termonucleares" e os buracos negros supervorazes — os microquasares. No entanto, segundo Roland Crocker, as buscas da antimatéria nestes cenários praticamente não têm dado resultados. O número de microquasares conhecidos no centro de galáxia é extremamente baixo — os cientistas conhecem apenas quatro objetos deste tipo. Quanto às supernovas, os cientistas não conseguem encontrar um mecanismo real para o aparecimento de antimatéria.
As temperaturas dentro dessas anãs no momento da explosão são tão altas que lá se forma quase toda a tabela periódica de elementos químicos, inclusive os instáveis, cuja decomposição leva à formação tanto de matéria como de antimatéria. Entre estes elementos estão o níquel-56, titânio-44 e alumínio-26.
Tendo analisado como se formam e se decompõem os elementos, Crocker e seus colegas chegaram à conclusão que o titânio-44 é o candidato ideal para o papel de fonte principal de antimatéria da galáxia.
Como mostram os cálculos dos cientistas, este problema pode ser resolvido se a fonte básica de titânio forem as supernovas do primeiro tipo, produzidas pela fusão de duas anãs brancas, uma das quais é constituída completamente de hélio e a outra — de carbono e oxigênio. As observações das supernovas indicam que tais explosões ocorrem uma vez em cada 500 anos.