Como explicou o autor de Sputnik Aleksandr Khrolenko, imediatamente depois da dissolução da URSS, a Ucrânia entrou no Conselho da Associação Euro atlântica, e em 1994, foi o primeiro país da Comunidade de Estados Independentes a se juntar ao programa da OTAN denominado Associação para a Paz (PfP, em inglês). Entretanto, a OTAN já estava elaborando o projeto "anti-Rússia", e a debilidade do Estado ucraniano naquele momento permitiu ao Ocidente levar a cabo uma série de "revoluções de veludo" no país. Não obstante, algo correu mal, indicou Khrolenko.
O projeto de "desmontagem do império"
O Ocidente não conseguiu realizar o seu projeto de converter a URSS em um grupo de países pseudoindependentes que se combatem entre si. De acordo com o autor, se o dinheiro destinado ao financiamento da desmontagem do império tivesse sido investido nas economias dos países membros da Comunidade de Estados Independentes, Rússia já estaria rodeada de países prósperos. Porém, no início a década de 90, Kiev se uniu voluntariamente ao processo destrutivo iniciado pelo Ocidente. De acordo com a própria OTAN, "a Ucrânia independente, soberana e estável" é essencial para a segurança da Aliança.
A sua vez, tradicionalmente, a OTAN não aceita os países que possuem conflitos territoriais, como os de Donbass ou Crimeia. Entretanto, a Ucrânia aspira a recuperar a Crimea, região que se reunificou com a Rússia através de um referendo realizado em março de 2014. Para além da situação complicada nas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, ainda não estão afirmados os acordos acerca das linhas de delimitação dos mares Negro e de Azov.
Como sublinha o autor, "o projeto ucraniano" está atualmente se convertendo em uma ameaça existencial para a OTAN. Khrolenko indica que o conflito militar na parte oriental da Ucrânia é um obstáculo insuperável e, em caso de agravamento, a Europa Ocidental será invadida por milhões de refugiados ucranianos, entre eles, milhares de extremistas ultranacionalistas. Obviamente, a Aliança não precisa de uma nova "revolução colorida" e, por isso, Bruxelas e Washington têm que descobrir antes como será possível ultrapassar este "beco sem saída", conclui o autor.