Quinze anos a tentar integrar a OTAN: o que correu mal à Ucrânia?

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As atuais autoridades da Ucrânia preconizam a adesão do país à OTAN para escapar da influência da Rússia, o suposto "agressor". Porém, Kiev manifestou oficialmente o seu desejo de integrar a organização 15 anos atrás, no dia 23 de maio de 2002, muito antes do agravamento das relações entre Ucrânia e Rússia.

Como explicou o autor de Sputnik Aleksandr Khrolenko, imediatamente depois da dissolução da URSS, a Ucrânia entrou no Conselho da Associação Euro atlântica, e em 1994, foi o primeiro país da Comunidade de Estados Independentes a se juntar ao programa da OTAN denominado Associação para a Paz (PfP, em inglês). Entretanto, a OTAN já estava elaborando o projeto "anti-Rússia", e a debilidade do Estado ucraniano naquele momento permitiu ao Ocidente levar a cabo uma série de "revoluções de veludo" no país. Não obstante, algo correu mal, indicou Khrolenko.

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O atual presidente da Ucrânia, Pyotr Poroshenko, tem a intenção de celebrar um referendo sobre o ingresso do país na OTAN. Mas a verdade é que os outros países membros da Aliança não estão propriamente dispostos a receber a Ucrânia. Se tivermos na conta o ritmo atual de treinamento dos militares ucranianos por instrutores europeus e estadunidenses, Kiev precisaria mais de 60 anos para completar a reforma das suas Forças Armadas. A pesar do apoio do presidente de Polônia, Andrzej Duda, e da chanceler alemã, Angela Merkel, o "projeto ucraniano" parece haver fracassado. Afinal, o que se passou? 

O projeto de "desmontagem do império"

O Ocidente não conseguiu realizar o seu projeto de converter a URSS em um grupo de países pseudoindependentes que se combatem entre si. De acordo com o autor, se o dinheiro destinado ao financiamento da desmontagem do império tivesse sido investido nas economias dos países membros da Comunidade de Estados Independentes, Rússia já estaria rodeada de países prósperos. Porém, no início a década de 90, Kiev se uniu voluntariamente ao processo destrutivo iniciado pelo Ocidente. De acordo com a própria OTAN, "a Ucrânia independente, soberana e estável" é essencial para a segurança da Aliança.

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Kiev tem a intenção de garantir até ao ano 2020 a completa compatibilidade das suas Forças Armadas com as da Aliança. Assim mesmo, as autoridades de Ucrânia consideram que o seu país é, de fato, o flanco oriental da OTAN. Porem, é pouco provável que a Aliança abra a porta à Ucrânia. O fato é que os estrategistas ocidentais preveem colaborar com o exército ucraniano "à distância", posto que os interesses nacionais da Rússia são "uma realidade objetiva, uma linha vermelha, uma parede de pedra" e há que ter em conta as armas nucleares", expressou o autor. 

A sua vez, tradicionalmente, a OTAN não aceita os países que possuem conflitos territoriais, como os de Donbass ou Crimeia. Entretanto, a Ucrânia aspira a recuperar a Crimea, região que se reunificou com a Rússia através de um referendo realizado em março de 2014. Para além da situação complicada nas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, ainda não estão afirmados os acordos acerca das linhas de delimitação dos mares Negro e de Azov.

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Kiev não tem também dinheiro suficiente para rearmar as suas Forças Armadas, bem como para reformar a estrutura e os sistemas de gestão do organismo militar. Segundo as estimativas da entidade ucraniana Ukroboronprom, a reforma tecnológica para cumprir com as normas aprovadas pela OTAN, custará à Ucrânia mais de 46.000 milhões de dólares. De acordo com vários especialistas estrangeiros, o Exército ucraniano — de 300.000 efetivos e equipado em sua maioria com armamentos de fabricação soviética— está "em colapso".

Como sublinha o autor, "o projeto ucraniano" está atualmente se convertendo em uma ameaça existencial para a OTAN. Khrolenko indica que o conflito militar na parte oriental da Ucrânia é um obstáculo insuperável e, em caso de agravamento, a Europa Ocidental será invadida por milhões de refugiados ucranianos, entre eles, milhares de extremistas ultranacionalistas. Obviamente, a Aliança não precisa de uma nova "revolução colorida" e, por isso, Bruxelas e Washington têm que descobrir antes como será possível ultrapassar este "beco sem saída", conclui o autor.

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