Mais de 90% dos mais de 5 mil mísseis disparados em combate no mundo foram lançados no Oriente Médio. É assim que começa o novo relatório de Dennis M. Gormley sobre mísseis nesta região do planeta, publicado pelo Instituto do Oriente Médio (Middle East Institute), com sede em Washington.
Israel
Em sua análise, Gormley afirma que Israel tem o maior arsenal de mísseis, sendo que, para fins de dissuasão, o país dispõe principalmente de mísseis balísticos Jericho III (entre 4.800 e 6.500 km de alcance) dotados de ogivas nucleares.
Considera-se que os Jericho III são capazes de portar ogivas com uma carga útil de mil quilos. Estes mísseis usam um combustível sólido e estão instalados em silos capazes de resistir a ataques. Os Jericho III, assim como os mísseis Jericho II da geração anterior, podem estar instalados na base aérea de Palmachim, situada na parte central do país. Por sua parte, os mísseis de cruzeiro de ataque terrestre da série Popeye servem para efetuar ataques de precisão contra aeródromos e bunkers.
Ele é seguido pela Cúpula de Ferro israelense, um sistema móvel de defesa aérea que é capaz de interceptar foguetes de curto alcance e projéteis de artilharia de curta distância (de 4 a 70 km). O país possui também a Estilingue de David, um projeto conjunto dos EUA e Israel desenhado para interceptar aviões inimigos, drones, mísseis balísticos táticos, foguetes de médio e longo alcance (entre 30 e 300 km) e mísseis de cruzeiro.
Irã
A República Islâmica do Irã possui três variantes do míssil Shahab e 300 lançadores para eles. O Shahab-3 pode ser transportado por estrada e têm um alcance de mil quilômetros. Isto faz com que estes mísseis possam alcançar todo o território de Israel, o Afeganistão e o oeste da Arábia Saudita.
Recentemente, o Irã apresentou seu míssil de cruzeiro de ataque terrestre Sumar, com alcance estimado entre 2.000 e 2.500 quilômetros. Precisamente esta semana, a agência de notícias persa Fars informou que o Irã tinha construído sua terceira fábrica subterrânea de mísseis balísticos, na qual se desenvolveria um novo míssil terra-terra batizado como Dezful. Quanto a sistemas de defesa antiaérea, a República Islâmica dispõe dos sistemas S-300 de fabricação russa.
Síria
A Síria chegou a ter um dos maiores arsenais de mísseis balísticos do Oriente Médio, mas o caos da guerra não permite realizar estimativas mais exatas sobre o potencial real, lamentou o analista.
Além disso, é notável o arsenal de mísseis antinavio do país. Se estes mísseis de cruzeiro fossem equipados com ogivas químicas, poderiam produzir efeitos devastadores, sublinhou. Os sistemas russos S-300 e S-400, por sua vez, proporcionam proteção de uma parte do país.
Arábia Saudita
Riad tem um arsenal de mísseis balísticos pequeno, sendo todos eles adquiridos à China e modificados para portar somente ogivas convencionais. O país comprou seu primeiro míssil em 1987: o DF-3, altamente impreciso e alcance de 2.500 quilômetros. O especialista especificou que a orientação dos lançadores sugere que estes mísseis estejam dirigidas contra Israel e Irã, mas sua falta de precisão pressagia consequências graves, ainda mais se o país decidir atacar áreas urbanas.
No ano de 2007, os sauditas adquiriram o míssil chinês DF-21 (autonomia de voo de 1.700 km), de combustível sólido e com precisão melhorada. Além disso, Riad comprou mísseis de cruzeiro ocidentais Storm Shadow com alcance de até 300 km.
Turquia
Gormley assegura que a Turquia baseia sua segurança nas garantias de adquirir aos EUA e à OTAN, entre outros sistemas, um arsenal ilimitado de mísseis balísticos de curto alcance e o sistema tático americano ATACMS, com alcance de aproximadamente 250 km.
Em relação a isso, nos finais de abril o chanceler turco Mevlut Cavusoglu afirmou em uma entrevista à edição Haberturk que seu país tinha chegado a um acordo com Moscou para a compra de sistemas antiaéreos S-400 Triumf, visando substituir os antigos MIM-104.