Lembramos que, em 2010, Marina Silva se candidatou pelo Partido Verde e assumiu o terceiro lugar nas eleições presidenciais com 19,33% dos votos, fazendo com que Dilma Rousseff (PT, 46,91%) e José Serra (PSDB, 32,61%) passassem para o segundo turno. Já nas eleições de 2014, Marina se candidatou à presidência pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Surgiu para substituir Eduardo Campos, político que morreu em um acidente aéreo. Ficou mais uma vez em terceiro lugar no primeiro turno, com 21,32% dos votos, perdendo para Aécio Neves (PSDB, 33,55%) e Dilma Rousseff (PT, 41,59%).
De qualquer modo, Marina não pretende deixar a sua luta ambientalista.
“Mesmo não estando na política, eu continuarei com ele [movimento socioambiental] pelo resto da minha vida.”
“Os partidos tradicionais da polarização tanto do campo de centro-direita quanto da dita esquerda não consideram a agenda ambiental como importante, a diferença deles em relação ao que nós acreditamos é que eles separam a ecologia da economia e para nós essas coisas estão integradas. Eles separam o social da ecologia. Para nós, o movimento é socioambiental como já dizia o pioneiro Chico Mendes.”
Mas como Marina vai defender projeto socioambiental?
Questionada pelo correspondente da Sputnik se vai ou não se candidatar às eleições em 2018, Marina Silva mostrou cautela.
“O problema é que você tem que fazer um discernimento com o seu próprio partido, como é o meu caso, com meu partido e com outros interlocutores para poder ter clareza de que a melhor contribuição que posso dar é como candidata. Estou fazendo esse discernimento com muito senso de responsabilidade.”
A decisão não pode ser tomada exclusivamente por uma pessoa, continua Marina, porque “um projeto político que depende único e exclusivamente de uma pessoa, não tem como ser viável. Um projeto político só pode ser viável se ele depender do empenho de muitas pessoas, de muitos setores, de muitos olhares e de muitos discursos”.
“Não estou me anulando do debate e não estou me anulando de tomar essa decisão [de se candidatar]. Só estou querendo tomar a decisão no tempo oportuno.”
A ambientalista e antiga senadora cita a caráter dinâmico da vida política.
“Do mesmo jeito que, em 2009, nem me imaginava como candidata, nunca me programei para ser candidata à Presidência da República. Se conferir a lista de candidatos de 2008, eu nem pensava em colocar meu nome naquela lista. Devemos estar abertos a esta dinâmica da sociedade, que é capaz de nos surpreender.”
Quem defenderá o ambientalismo ao invés de Marina?
Se imaginarmos que Marina escolherá ficar na sociedade civil contribuindo com ideias, será que ela poderia enxergar alguém atualmente capaz de carregar na vida política brasileira essa bandeira de defesa ambiental com a mesma capacidade e experiência e com tais chances eleitorais?
A própria Marina Silva diz que “se disser não, estaria subestimando milhares, centenas de pessoas que trabalham com esta agenda, comigo, de compromisso e de competência muito grande. É um processo coletivo”.
Confira outras partes da entrevista exclusiva de Marina Silva à Sputnik Brasil: aqui e aqui