Para o Promotor José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), os fatos têm de ser vistos com atenção, mas a redução de verbas não pode servir de motivo para paralisar ou diminuir as atividades da Operação Lava Jato.
Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, José Robalinho Cavalcanti revela como está vendo a situação:
"Vejo com muita preocupação [a redução de verbas para a Operação Lava Jato]. Assim como os delegados e os procuradores já se manifestaram publicamente [sobre isso]. Nós todos entendemos as dificuldades orçamentárias que o Brasil está vivendo. Todos os órgãos estão passando por isso. O Ministério Público Federal também está. O Ministério Público Federal teve cortes profundos de despesas, porque partiu de uma base muito baixa de despesas, e apesar disso está mantendo e priorizando todas as atividades da Operação Lava Jato. Então, não nos parece muito razoável que o Ministério da Justiça e a Polícia Federal efetuem qualquer corte orçamentário nesta Operação. Por exemplo, não acredito que 3 ou 4 delegados da Polícia Federal consigam fazer o trabalho que 9 delegados vinham fazendo. Até porque o número de inquéritos e investigações não está diminuindo. Pelo contrário: ainda há muito material a ser avaliado. Então, existe aí uma espécie de asfixia que tem de ser respondida pelo Ministério da Justiça e pela Polícia Federal."
Em seu site, o Ministério Público Federal registra estas observações sobre a Lava Jato:
"A Operação Lava Jato é a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro que o Brasil já teve. Estima-se que o volume de recursos desviados dos cofres da Petrobras, maior estatal do país, esteja na casa de bilhões de reais. Soma-se a isso a expressão econômica e política dos suspeitos de participar do esquema de corrupção que envolve a companhia."
A Operação Lava Jato foi deflagrada em março de 2014 e deve seu nome, segundo o Ministério Público Federal, ao "uso de uma rede de postos de combustíveis e lava a jato de automóveis para movimentar recursos ilícitos pertencentes a uma das organizações criminosas inicialmente investigadas. Embora a investigação tenha avançado para outras organizações criminosas, o nome inicial se consagrou".