"Há tantos 'fatos' no domínio público, agora que muitas pessoas estão concluindo que a campanha de Trump é culpada de conspirar com os russos de uma maneira que seria uma violação da lei" disse o diretor adjunto da CIA, completando que "é muito cedo para chegar a essa conclusão".
É possível suspeitar que Morell esteja usando suas credenciais para fazer um argumento político em defesa do presidente, mas o ex-oficial de inteligência nunca entrou no jogo político republicano. Ao contrário, além de endossar a candidata presidencial democrata Hillary Clinton, Morell escreveu no The New York Times no ano passado advogando pela "óbvia necessidade de auto-engrandecimento" de Trump. No artigo, ele previu que o republicano seria um "pobre, até perigoso", líder dos EUA.
Mas o que a mídia dos EUA está fazendo agora também é arriscado, disse ele. Existem essencialmente duas falhas de inteligência, explicou Morell. Há uma conexão excessiva entre as pistas do serviço de inteligência e, ao mesmo tempo, uma possível subestimação destas.
"Precisamos ter cuidado para não conectar demais os pontos", disse Morell.
Mas, como Morell e outros apontaram, "Lidar com os russos durante a transição não é necessariamente um crime. Pode ser uma política ruim, mas não é necessariamente um crime. Poderia ter sido para fins benignos, poderia ter sido para os malignos: simplesmente não há informações sólidas suficientes para respaldar as conclusões que a mídia está tão desesperada para chegar no momento".
"Passei minha carreira assistindo a mídia receber uma parcela significativa de histórias relacionadas à inteligência errado", disse Morell, que atuou como diretor interino da CIA em 2011 e de 2012 a 2013.
"Eu acho que o desempenho de Trump como presidente é bastante pobre", disse Morell. "Mas, eu acho que o presidente está certo em dizer que há uma viés entre alguns veículos na mídia. Vejo isso todos os dias quando leio os artigos e vejo como as coisas estão sendo relatadas".
A mídia americana corre o risco de perder sua credibilidade, disse o ex-chefe de espionagem. "Eu acredito que o jornalismo objetivo e baseado em fatos nunca foi tão importante quanto hoje é para o futuro da nossa democracia. Mas, para serem eficazes, os jornalistas não podem tomar partido ou ter lados".