"O presidente [Bashar Assad] quer recuperar toda a Síria, mas acho que a realidade é que nunca vamos ver a mesma Síria que tínhamos antes da guerra civil. Os EUA vão querer ocupar certas porções. A Síria não será um Estado autônomo como era antes. Na minha opinião, o que está acontecendo é a divisão em porções. Os curdos vão querer tomar posse de alguns territórios. A Rússia propôs no passado, apesar das objeções de Assad, criar uma região autônoma no norte do país, mas a Turquia nunca o aceitará. Então, esta luta vai continuar. O futuro da Síria como Estado autônomo permanecerá uma grande questão durante muitos anos", disse o analista.
Ele também comentou a decisão recente de Washington de armaros curdos da Síria, dizendo que este ato afetaria as relações entre os EUA e a Turquia por bastante tempo e a política de Ancara na Síria.
"Acho que podemos esperar ações imprevistas da parte da Turquia como consequência [da ajuda militar do Pentágono às Forças Democráticas da Síria (FDS) ]", disse ele. Acho que vamos acabar por ver o deslocamento das tropas turcas para o norte da Síria como resultado desta decisão, pois a Turquia não quer que os curdos ocupem esta área e criem sua própria região autônoma".
Além disso, o analista expressou dúvidas que Washington vá fornecer armas a outros grupos que lutam contra o Daesh na Síria.
"Não acho que isso vá acontecer. Creio que o presidente Trump quer tentar cooperar com os russos para estabelecer o cessar-fogo na Síria. Tentativas de fornecer armas a outros grupos, muitos dos quais pertencem ao Exército Livre da Síria (ELS), vão somente perpetuar o conflito na Síria, sendo seu objetivo final destituir o presidente Assad. Isso não faz parte da política norte-americana", sublinhou ele.