O bloco informal dos países G7 foi inicialmente criado como um clube de discussão entre as maiores economias do mundo, isto é, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, EUA e União Europeia.
Tradicionalmente, as cúpulas do grupo decorrem uma vez por ano e reúnem os líderes dos países-membros, sendo que a agenda costuma ser dedicada aos assuntos internacionais mais urgentes e aos desafios à escala global, tais como, por exemplo, o desenvolvimento sustentável e as mudanças climáticas.
Entretanto, vale assinalar que o grupo frequentemente enfrenta críticas duras por deixar de corresponder às realidades de hoje. A coisa é que, por exemplo, o bloco descarta a participação da China, que hoje em dia é considerada como a segunda maior força econômica no mundo, o que subverte a própria ideia do grupo G7.
Rússia nunca mais voltará ao clube?
No período entre 1998 e 2014, o formato G7 foi substituído pelo G8, sendo que se alargou com a inclusão da Rússia, que acabou de assistir ao colapso do regime soviético e ao avanço das reformas progressistas dentro do espírito ocidental.
Porém, as turbulências políticas na Ucrânia e o consequente referendo na Crimeia sobre a reunificação com a Rússia, no qual o "sim" foi vitorioso, fez com que o grupo "se tenha desamigado" do país eslavo. Os participantes se recusaram a viajar para a cidade russa de Sochi, para onde estava marcado o evento e, em vez disso, decidiram conversar em Bruxelas. A partir daí o grupo voltou ao seu nome e formato original, ou seja, de G7.
Embora numerosos especialistas e até altos funcionários dos países integrantes tenham por várias vezes exigido o regresso do país eslavo, o bloco, particularmente a parte americana, continuou resoluto na sua postura.
No entanto, o presidente russo Vladimir Putin já por várias vezes disse que a questão da Crimeia é um "assunto fechado" e não pode ser sujeito a quaisquer discussões, por isso parece que a Rússia não reintegrará o bloco em um futuro próximo, a não ser que os parceiros ocidentais mudem de retórica.
Grupo de potências econômicas sem um dos principais atores econômicos?
Claro que o mundo de hoje, caracterizado pela globalização, integração em todas as regiões e esferas, avanços tecnológicos e outros fenômenos, já não é aquilo que era em 1975, quando o dito formato foi estabelecido pela primeira vez.
Para vários especialistas, tal política de exclusão dos países asiáticos mostra que o grupo visa preservar uma ordem mundial ultrapassada sem levar em consideração a conjuntura econômica de hoje.
Ultimamente, surgiu outra razão que gerou um clima de conflito entre o bloco e Pequim. Em seu comunicado conjunto, emitido em resultado da cúpula passada, os países-membros expressaram preocupação com a postura chinesa no âmbito das disputas no mar da China Oriental e no mar do Sul da China e se manifestaram contra quaisquer atos unilaterais.
Por maiores que sejam as discordâncias entre os países ocidentais e a maior potência asiática, parece pelo menos estranho o fato de o país responsável por 16% do PIB mundial não fazer parte do bloco. Para vários analistas, isto pode ser explicado pela atitude protecionista dos países ocidentais e mostra que estes Estados se norteiam por princípios "obsoletos".
Um abismo cada vez maior entre Europa e EUA?
Surpreendentemente, a última cúpula do bloco G7 deixou à mostra novos problemas que parecem ter surgido com a chegada de um político excêntrico e pouco "tradicional" à Presidência dos EUA. Em sua primeira visita à reunião do grupo, Donald Trump não só conseguiu trazer à tona novos motivos para discordância com a Europa, mas também cometeu vários erros crassos de protocolo.
O fracasso mais doloroso do encontro foi, evidentemente, o fato dos países não conseguirem acordar um documento conjunto sobre as mudanças climáticas devido à postura cética americana. Trump sempre foi conhecido pela sua retórica bem dura em relação ao aquecimento global e outros problemas do ambiente que, na opinião dele, representam uma conspiração de empresas internacionais e não têm nada a ver com a realidade, e parece não ceder.
Consequentemente, há várias discussões em torno da reunião que decorreu, sendo que vários analistas prognosticam mesmo a gradual degradação do formato pela incapacidade de encontrar um consenso até entre os países participantes. Com efeito, se pode resumir que o atual mecanismo de negociação dentro do G7 está passando por uma espécie de crise que pode ser combatida exclusivamente com concessões bilaterais e uma visão mais aberta do mundo.