Por que está o Ministério da Defesa russo reforçando suas bases militares na Ásia Central?

© AFP 2023 / Vyacheslav OseledkoFronteira entre Tajiquistão e Afeganistão.
Fronteira entre Tajiquistão e Afeganistão. - Sputnik Brasil
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A Rússia está fortalecendo suas bases militares no Tajiquistão e Quirguistão com os armamentos mais avançados para impedir a infiltração do terrorismo proveniente do Afeganistão na Ásia Central, afirma o colunista da Sputnik Aleksandr Khrolenko.

O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, assegurou durante a última cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), em Astana, que o crescente número de extremistas do Daesh, organização terrorista proibida na Rússia e em outros países, no Afeganistão provoca preocupação entre as autoridades do país eslavo.

"A estratégia de criar um califado islâmico, implementada por este agrupamento, ameaça a segurança tanto no Afeganistão, como nos países vizinhos", afirmou o titular da pasta.

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De acordo com o autor, a situação neste país vai piorando a cada dia. Os talibãs, que controlam uma grande parte das áreas rurais do país, lançaram uma ofensiva nas grandes cidades. Enquanto isso, a influência do Daesh também está aumentando.

O presidente afegão, Ashraf Ghani, declarou recentemente que agora aos talibãs se está concedendo a "última oportunidade" para aceitar a trégua.

"Não obstante, dada a longa história de resistência, uma solução pacífica é pouco provável", sublinha Khrolenko.

Desta forma, devido a que a operação antiterrorista do Ocidente não conseguiu trazer a paz ao Afeganistão, o Ministério da Defesa russo aumenta o estado de alerta das suas bases militares localizadas no território do Tajiquistão e do Quirguistão, além de equipá-las com os armamentos mais modernos e de fortalecer a cooperação com os países-membros da OCX, explica o autor.

Na vanguarda

O Afeganistão e o Tajiquistão têm uma fronteira comum de mais de 1.300 quilômetros, na qual se acumularam cerca de 10 mil extremistas de vários grupos. Por isso, dada a gravidade da situação, a base militar 201 da Rússia é a maior instalação militar do país eslavo no estrangeiro.

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A base 201, onde cumprem serviço por volta de 7.500 militares, está instalada nas cidades de Dushanbe e Qurghonteppa. Em maio passado, Moscou a reforçou com sistemas de lança-foguetes múltiplos Uragan de 220 mm de calibre, sendo que eles são capazes de eliminar alvos inimigos a uma distância de até 35 quilômetros em terreno montanhoso difícil.

Além disso, a Rússia instalou no Tajiquistão sistemas de mísseis táticos Iskander-M para a participação das manobras antiterroristas conjuntas Dushanbe-Antiterror 2017. São os primeiros exercícios militares levados a cabo pelo Centro Antiterrorista da CEI (Comunidade de Estados Independentes) com a participação das Forças Armadas dos países-membros.

Segundo escalão

O Quirguistão, que fica ao norte do Tajiquistão, não tem uma fronteira comum com o Afeganistão, mas está exposto à turbulência política interna e a todo um conjunto de ameaças terroristas. As Forças Armadas do país são umas das mais fracas do mundo.

Neste contexto, as quatro instalações militares russas no território do país, ou seja, a base aérea de Kant, o polígono naval de Karakol, um centro de comunicações e o ponto sísmico autônomo na cidade de Mailuu-Suu, desempenham um papel estabilizador.

'Oriente coletivo'

Khrolenko prossegue que a Rússia constrói as relações com os países as Ásia Central sobre uma base de interesses comuns. Anteriormente, Shoigu indicou que as bases militares no Tajiquistão e Quirguistão são o garante da estabilidade regional.

"Junto com os nossos aliados, estamos reforçando sua preparação para o combate, o que, por sua vez, aumenta a segurança de Dushanbe e Bishkek", apontou Shoigu, citado pelo autor.

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Desta maneira, detalhou Khrolenko, as declarações feitas na cúpula da OCX, levada a cabo na capital cazaque, Astana, entre 8 e 9 de junho, são uma "continuação da linha estratégica".

O terrorismo "adquiriu um caráter transfronteiriço", por isso a cooperação entre os países-membros da OCX visa a prevenção das atividades terroristas.

"Se o ‘Ocidente coletivo' não é capaz de superar as diferenças e formar uma frente unida contra o terrorismo internacional, talvez o possa resolver o ‘Oriente coletivo", concluiu o colunista da Sputnik.

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