Para que Alemanha permanece no Oriente Médio se não consegue combater Daesh?

© AFP 2023 / TOBIAS SCHWARZ / POOL Caças alemães Tornado na base áerea de Incirlik, Turquia, janeiro de 2016
Caças alemães Tornado na base áerea de Incirlik, Turquia, janeiro de 2016 - Sputnik Brasil
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As numerosas divergências entre Berlim e Ancara puseram em risco as operações dos militares alemães contra os grupos extremistas na Síria e no Iraque. O analista militar Kiril Otter, da agência FAN, pergunta se a presença das tropas alemãs na região será mesmo necessária.

Depois de vários meses de negociações inúteis e da recusa do governo turco de permitir acesso à base de Incirlik a um grupo de parlamentares alemães, Berlim tomou a decisão de retirar suas tropas lá instaladas.

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O aeródromo de Incirlik, que se encontra no sudeste da Turquia, perto da fronteira com a Síria, serve de base para numerosos contingentes da OTAN que operam na região. Entre eles, 260 soldados alemães, que, segundo a decisão do Bundestag (parlamento alemão), dentro de pouco tempo serão deslocados para o aeródromo jordano de Muwaffaq Salti.

Do ponto de vista político e internacional, o assunto parece estar terminado. Mesmo a nova sede da OTAN em Bruxelas não foi capaz de contribuir para a resolução do conflito entre Ancara e Berlim. O secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, embora tenha lamentado tal resultado, sublinhou que se trata de um assunto bilateral.

Desde que os EUA anunciaram em setembro de 2014 a criação de uma aliança multinacional para combater o Daesh, a Alemanha participa de missões na região, mas com certas exceções. Por exemplo, o país europeu recusou realizar bombardeamentos, limitando-se apenas a operações de reconhecimento aéreo e de processamento de informações.

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Dados os êxitos do Exército sírio e da Força Aeroespacial da Rússia contra os extremistas, o analista militar Kiril Otter coloca uma questão: até que ponto é realmente necessária a presença das forças alemães na zona? Em seu artigo, Otter cita as palavras de um ex-militar alemão que disse com ironia: "Nós fazemos tudo o que não causa danos ao inimigo".

Quanto à retirada da base de Incirlik, conclui o analista, isso não é nada mais do que uma prova da incapacidade das forças alemãs, da UE e da OTAN de chegar a acordo e combater efetivamente o extremismo na Síria. Um fracasso que se torna ainda mais evidente comparado com a missão que a Rússia, em cooperação com a Síria e o Irã, está levando a cabo.

Como exemplo, o analista recorda a presença das tropas alemãs no Mali no âmbito da Missão Multidimensional Integrada de Estabilização das Nações Unidas (MINUSMA, sigla em francês). Aprovada pelo Conselho de Segurança em 2013, a missão tem por objetivo apoiar os processos políticos neste país, garantindo ao mesmo tempo a proteção dos grupos extremistas que abundam na região do Saara.

A Alemanha se juntou à campanha para ajudar as tropas francesas lá instaladas. Em janeiro de 2016, Berlim aprovou a extensão dos prazos da missão no Mali, aumentando a presença militar no país africano de 150 para 650 efetivos.

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