A ação, apresentada na 12ª Vara Federal de Justiça do Distrito Federal, tem como base a entrevista concedida por Joesley à revista Época, na qual ele diz que Temer é o chefe da maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil, acusação já rebatida pelo Palácio do Planalto.
Joesley fala de Temer. Confira trecho da entrevista exclusiva https://t.co/P5ebrCEunL pic.twitter.com/kW7jsDsoxo
— Época (@RevistaEpoca) 17 de junho de 2017
Enquanto pede a punição do empresário, o presidente da República, que hoje deixou o país com destino à Rússia, vive a expectativa de ser denunciado, ainda nesta semana, pelo Ministério Público Federal. Justamente por conta das acusações feitas por Joesley e outros executivos da J&F e da JBS, que pertence ao grupo. Dependendo das investigações que estão sendo conduzidas pela Polícia Federal, Temer pode se tornar réu por corrupção passiva, obstrução de justiça e organização criminosa.
No caso de corrupção, Temer pode responder por supostamente indicar o deputado Rodrigo Rocha Loures para defender interesses da holding J&F em troca de propinas pagas por Joesley. Homem de confiança do presidente, Loures chegou a ser filmado pela polícia recebendo uma mala cheia de dinheiro (R$ 500 mil) que, segundo os delatores, seria para pagar a ajuda do parlamentar para ganhar uma disputa no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), autarquia que defende a concorrência no Brasil.
Em uma polêmica conversa com o dono da J&f, gravada pelo empresário, Michel Temer faz algumas declarações que, para muitos especialistas, merecem uma atenção especial das autoridades. Entre elas, uma menção de que teria poder de influência sobre dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que poderiam proteger seu antigo aliado Eduardo Cunha, deputado cassado e preso por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Essa influência configuraria obstrução. Mas, além disso, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse ter verificado um esforço conjunto do presidente e do senador afastado Aécio Neves para impedir os avanços da operação Lava Jato, "seja por meio de medidas legislativas, seja por meio de controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos".
Já no que diz respeito a organização criminosa, a própria articulação entre o presidente e seus aliados, incluindo Joesley e Rocha Loures, com o objetivo de cometer crimes, já configuraria esse tipo de formação, desde que os indícios sejam consistentes. A denúncia contra o presidente pode ser feita de uma vez só, sendo encaminhada para o STF já com as três acusações — ou outras, se houver —, ou pode ser dividida e apresentada aos poucos.