Por que criação do exército comum da UE não passa de 'pura fantasia'?

© AFP 2023 / PATRICK HERTZOGSoldados de um destacamento do Eurocorps carregam a bandeira da União Europeia para assinalar a sessão inaugural do Parlamento Europeu em frente ao Parlamento Europeu em Estrasburgo, no leste da França
Soldados de um destacamento do Eurocorps carregam a bandeira da União Europeia para assinalar a sessão inaugural do Parlamento Europeu em frente ao Parlamento Europeu em Estrasburgo, no leste da França - Sputnik Brasil
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Em entrevista à Sputnik Internacional, Dick Zandee, pesquisador sênior do Instituto Clingendael de Relações Internacionais, Holanda, mostrou-se pessimista quanto à criação do assim chamado exército europeu.

O Comissário Parlamentar para as Forças Armadas da Alemanha, Hans-Peter Bartels, afirmou na segunda-feira (19) à mídia alemã que a criação do exército da UE é inevitável, ecoando o pedido aos militares da UE para que se unam em uma força única armada.

Sua afirmação foi feita em meio às crescentes preocupações sobre a confiabilidade da OTAN, assim como a desorganização e fragmentação das estruturas de defesa nacionais.

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A ideia de um exército comum europeu tem sido discutida há alguns anos. Desde 2013, Berlim está promovendo esforços para uma maior integração de defesa da UE através do Conceito-Quadro das Nações, segundo o qual a Alemanha partilha suas tropas e capacidades com outros países europeus.

Mais cedo, em março, Bruxelas declarou abertura de Estados-Maiores conjuntos. No entanto, de acordo com a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, estes Estados-Maiores não devem ser comparados a um exército comum da UE.

Em entrevista à Sputnik Internacional, Dick Zandee disse que as conversas sobre um exército verdadeiro europeu estão sendo irrelevantes no momento, pois ainda não está claro qual é o limite de tempo para sua criação.

"A meu ver, falar de exército europeu quer dizer falar de um exército que tenha um governo e um comandante. Trata-se de pura fantasia e sonhos, porque ainda temos [Estados nacionais soberanos] na Europa e nenhum dos membros [da UE] está pronto para enviar suas tropas para participar de uma guerra ou realizar operações de paz sem que decisão a nível nacional", disse o pesquisador.

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Dick Zandee opina que seria mais real reforçar a cooperação entre os países europeus, efetuando treinamentos militares conjuntos e assumindo uma posição coordenada em relação aos assuntos de interesse mútuo.

Segundo o especialista, o assunto do exército comum envolve componente emocional, mas ninguém pode realmente definir este exército, pois nem mesmo políticos deram uma definição clara desde conceito.

"Então, acho que seria mais um exemplo da retórica política que não tem nada a ver com a realidade", acrescentou.

Ele também frisou que "não há nenhum país europeu que apoie a criação do exército europeu [com um governo e um comandante] como eu descrevi".

"Quanto à Polônia, Romênia, Países Bálticos e aos países que se juntaram à OTAN há pouco, eles expressam pouco apoio à ideia de criação de um exército europeu porque têm medo que isso prejudique a Europa e a OTAN", sublinhou Zandee.

Entretanto, a Bloomberg informou que a Comissão Europeia havia decretado outro documento, oferecendo cenários para estreitamento de cooperação militar no âmbito da OTAN, incluindo a criação de um sistema de segurança integrado, realização de operações militares fora da OTAN, estabelecimento de um sistema de segurança cibernética da Europa e outros.

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