Na segunda-feira (26), o portal Politico informou que os legisladores dos EUA haviam enviado uma proposta à Casa Branca incentivando a administração a sair do Tratado INF de eliminação de mísseis de curto e médio alcance, que foi firmado pelo presidente Ronald Reagan e o presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev in 1987.
"Primeiramente, esta loucura abre caminho para o desenvolvimento do sistema de armas Pershing II, e, provavelmente para o novo míssil de cruzeiro lançado de terra [Ground Launched Cruise Missile, ou GLCM, na sigla em inglês], disse Spinney. " Jogando o Tratado fora, os EUA abrem caminho para gastos nas únicas armas que não estão incluídas no programa de modernização nuclear."
"Administrações e congressos sucessivos dos EUA foram caminhando como sonâmbulos rumo a uma nova e evitável corrida armamentista com a Rússia", advertiu Spinney.
O abandono do Tratado INF dará ao Exército dos EUA a possibilidade de rearmar e reequipar suas forças com mísseis nucleares de curto alcance e iniciar uma nova onda de gastos, prevê Spinney.
"O aspecto mais atrativo de tal programa é que permitirá ao Exército realizar atividades nucleares. Atualmente, as armas nucleares de ataque são monopolizadas pela Marinha e Forças Aérea, o que enfraquece influência do Exército quanto ao orçamento do Pentágono", disse.
O poder das Forças Armadas dos EUA depende do valor de dotações financeiras que eles podem controlar, explicou Spinney.
Ele acrescentou que esta abordagem louca é mais um exemplo de como a política interna "se sobrepõe a uma política externa sensata".
O Tratado INF proíbe às partes possuir mísseis balísticos e de cruzeiro nucleares ou convencionais com alcance de 500 — 5.500 quilômetros. Em diferentes ocasiões, a Rússia e os Estados Unidos apresentaram acusações mútuas de violação do acordo assinado em 1987.
No final de março do ano corrente, o ministro russo do Exterior, Sergei Lavrov, disse que a Rússia cumpre plenamente o tratado, enquanto o seu cumprimento pelos EUA provoca dúvidas.