“Os EUA não vão cancelar os seus exercícios militares na Península Coreana. George W. Bush deu início a uma guerra no Iraque, Barack Obama na Líbia. Trump corre o risco de originar a sua guerra: a coreana”, postou Pushkov em sua página no Twitter.
США не будут отменять военные учения у Корейского п-ва. У Буша-мл. был Ирак, у Обамы -Ливия. Трамп рискует получить свою войну - корейскую.
— Алексей Пушков (@Alexey_Pushkov) 5 de julho de 2017
Nesta quarta-feira, as forças militares de Estados Unidos e Coreia do Sul realizaram uma série de manobras conjuntas, utilizando mísseis balísticos. A meta era mandar uma mensagem de advertência à Coreia do Norte, que um dia antes lançou o seu primeiro míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês).
Tanto Washington quanto Seul já descartaram qualquer possibilidade de abrirem mão dos exercícios militares conjuntos, aspecto tido como fundamental por Pyongyang para abrir um diálogo com os dois países.
Apesar da retórica dura contra o regime comunista, a situação pós-lançamento do mais novo míssil norte-coreano deixou os EUA em uma situação “não muito boa”, segundo análise do ex-vice diretor da CIA, Michael Morell. Para ele, a Casa Branca tem duras decisões pela frente.
Em entrevista à rede americana CBS News, Morell disse que “não há uma opção militar para destruir o programa nuclear”, nem “o de mísseis”, e que “não há como ser feito sem dar início a uma Segunda Guerra Coreana”, o que abriria espaço para Pyongyang usar suas armas contra os países vizinhos – notoriamente Coreia do Sul e Japão.
A opinião é compartilhada por outros especialistas.
“É uma indicação clara de que o Norte não se preocupa com as conversas lideradas pela Coreia do Sul", disse Kim Keun-sik, professor da Universidade de Kyungnam. “A principal prioridade do Norte parece ser colocada na conclusão de suas capacidades nucleares e de mísseis. Não importa quão forte as sanções e a pressão possam ir, o Norte provavelmente seguirá seu próprio caminho, o que ficou evidente no teste com o seu ICBM”.
“É um dilema para nós. A provocação deve ser reparada com sanções severas adicionais, mas o problema é que não podemos nos concentrar apenas em sanções e desistir de esperanças de conversações. Como podemos esperar que o Norte venha a mesa de negociação quando as sanções estão ficando difíceis?”, acrescentou.
Só resta a via diplomática, diz jornal
Jornal pró-Coreia do Norte sediado no Japão, o Chosun Sinbo trouxe na terça-feira um texto em que destacou que só restou o caminho diplomático para a resolução das tensões dos EUA com a Coreia do Norte. De acordo com a publicação, Pyongyang já demonstrou que pode causar sérios danos com o seu novo míssil, o Hwasong-14.
“O confronto nuclear em andamento entre Pyongyang e Washington entrou em sua fase final com o teste de fogo Hwasong-14 ICBM do Norte, e agora para evitar conflitos armados e buscar maneiras de encontrar um caminho para solução do problema, através de negociações diplomáticas, tornou-se uma questão premente que a comunidade internacional já não pode ignorar”, dizia o texto do jornal, que costuma publicar opiniões oficiais de Pyongyang no exterior.
Além disso, a publicação destacou ainda que “não é a Coreia do Norte quem precisa mudar, mas sim os Estados Unidos”, em referência às hostilidades da Casa Branca. O texto ainda defendeu que o regime não abandone o seu programa nuclear. O jornal terminou com um trecho em tom de ameaça:
“Qualquer ação militar contra um país com capacidades de retaliação nuclear causará, literalmente, uma consequência destrutiva”.