"Os governos dos países do Oriente Médio preferem acreditar que o clima atual é uma anomalia temporária e que a água voltará à região no futuro próximo. Nosso estudo mostra que, na verdade, a situação é a contrária e que no futuro o nível de precipitações continuará diminuindo ainda mais, enquanto as tempestades mediterrâneas, a fonte principal de precipitação na região, se tornarão ainda mais raras", diz o cientista Sevag Mehterian da Universidade de Miami (EUA).
O último acontecimento deste tipo, segundo alguns cientistas, é a Primavera Árabe e as guerras no Oriente Médio, provocadas pela seca que começou em 2009, e a posterior falta de alimentos e produtos essenciais.
Sevag Mehterian e seus colegas descobriram que a seca atual tem raízes históricas muito profundas após terem analisado a composição das estalagmites na caverna de Qal'e Kord, no noroeste do Irã.
Como explicam os especialistas, as estalagmites são formadas sem interrupção dentro de cavernas pela água que corre pelas paredes e teto das cavernas. Esta água, por sua vez, cai nas cavernas vinda da superfície e sua composição de isótopos reflete o clima que dominava na região em certa época.
Estas oscilações climáticas, causadas supostamente por mudanças no movimento da Terra ao longo de sua órbita ou por oscilações no movimento das correntes no oceano, faziam com que o clima do Oriente Médio mudasse a cada vários milhares de anos de relativamente úmido e frio para quente e árido.
No momento, de acordo com as observações de Mehterian e seus colegas, o Oriente Médio acabou de entrar em outra fase "seca", que durará aproximadamente 10 mil anos. Por isso, é pouco útil esperar que os problemas de acesso à água se resolvam por si mesmos nos próximos anos, concluem os cientistas.