Conduzido pelo engenheiro de sistemas biológicos Adam Liska, o trabalho “determinou que uma única ogiva nuclear poderia causar uma mudança climática devastadora, resultando no alastramento da seca e da fome que poderiam custar bilhões de vidas”.
Por meio de dados publicamente disponíveis sobre 19 tipos de armas atualmente ocupadas por cinco grandes potências nucleares — EUA, Rússia, China, Reino Unido e França — Liska e seus colegas calcularam quantas bombas nucleares em cada categoria poderiam ser usadas antes de desencadear condições que descrevem como “outono nuclear" ou "seca nuclear".
Não tão grave como o inverno nuclear previsto pelos cientistas na década de 1980, nos tempos da Guerra Fria, um outono nuclear, no entanto, impactaria significativamente o clima da Terra.
“A questão não é se uma seca nuclear pode ocorrer, mas quais fatores aumentam a probabilidade de ocorrência e quais ações podem ser tomadas para mitigar os impactos globais potencialmente devastadores?”, avaliou Liska, que se especializou em análises do ciclo de vida para avaliar os impactos ambientais no acesso de produtos e serviços.
Após análises, os pesquisadores concluíram que o fenômeno poderia ser desencadeado por cinco bombas nucleares convencionais, ou até mesmo uma única bomba. Segundo os autores, as armas capazes de desencadear tal fenômeno incluem ogivas nucleares lançadas do céu, mísseis balísticos intercontinentais e mísseis terrestres.
“Estamos perdendo a memória da Guerra Fria e estamos perdendo a memória de quão importante é fazer a coisa certa”, disse o co-autor do estudo Tyler White, cientista político especializado em segurança internacional e política nuclear. “Mesmo um conflito que não envolve os Estados Unidos pode afetar a nós e pessoas ao redor do mundo”.