Na pequena ilha de San José, entre os anos de 1945 e 1947, cerca de 200 militares dos EUA levaram a cabo a tarefa de estudar o real poder do gás como instrumento de guerra. Décadas depois, pelo menos oito bombas com esse composto ainda permanecem na região. Mas, de acordo com autoridades locais, é possível que existam outros milhares desaparecidas na ilha, prontas para serem detonadas.
Desde a descoberta desse estoque, em 2002, o Panamá vinha pressionando os Estados Unidos para destruir as bombas, como determina a Convenção Internacional sobre Armas Químicas. Mas, até agora, Washington vinha se recusando a cumprir sua obrigação, oferecendo como alternativa pagar e treinar cidadãos panamenhos para fazer o trabalho.
Após anos de disputa e em meio às condenações do governo dos EUA sobre o uso de armas químicas na Síria, os norte-americanos finalmente concordaram em realizar o serviço. Os trabalhos devem começar em setembro e serão supervisionados pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ).
Segundo o National Post, parte das bombas de mostarda existentes em San José podem pertencer ao Canadá, já que o governo canadense também participou do programa conduzido na ilha. Em meio aos horrores da Segunda Guerra Mundial, mais de 30 mil bombas desse tipo teriam sido detonadas na ilha, com o objetivo de comparar os efeitos das queimaduras em diferentes grupos étnicos. Embora Ottawa tenha tentado negar ou minimizar sua participação no programa americano durante muito tempo, recentemente foi evidenciado o papel de destaque do Canadá na produção e transporte das armas, no planejamento dos testes e nos bombardeios.
Canadá, Panamá e Estados Unidos são signatários da Convenção sobre Armas Químicas, com base na qual os EUA já destruíram cerca de 90% do seu estoque de 37 mil toneladas.