Afastado do trabalho por recomendações médicas, Pezão viajou à capital federal na quinta e saiu da reunião com o presidente Michel Temer com a promessa de uma solução para o avanço da criminalidade no Rio de Janeiro. Chegou a anunciar um reforço que, na verdade, já trabalha na cidade há meses e declarou "não ser especialista no assunto", cobrando policiamento ostensivo para conter a onda de violência no estado.
Para o militar, o simples desconhecimento de Pezão da atuação das forças federais na segurança pública do Rio de Janeiro já denota que só isso não surte efetivo e/ou não teve o impacto desejado. O coronel acredita que as autoridades do Estado se acostumaram com a ideia do Rio em estado de fartura, "prestes a receber uma Copa e uma Olimpíada" e que já passou da hora de aprender a gerir os recursos agora escassos "com eficiência e criatividade".
"A solicitação é de policiamento ostensivo, você não tem um pedido de aumento do efetivo da Polícia Federal, a única que pode dar um suporte de inteligência […] em crimes que ultrapassam a competência dos estado, como contrabando, narcotráfico […]. É sinal que você não conhece nada de segurança pública porque existe um conjunto de ações que pode ser utilizado antes mesmo desse recurso que é caro. Quando você pede policiamento ostensivo, você está reproduzindo uma análise de senso comum e essa conta não vai fechar", avalia.
Responsabilidade federal
Afirmando se tratar de "um experimento concentrado" com base em situações sistematizadas em "outras várias cidades brasileiras", Temer prometeu "uma produção operacional mais intensa" no estado. Palavras tão bonitas quanto vazias. Desde então, as ações não foram divulgadas porque, na visão do governo nacional, trata-se de "um plano a longo prazo". Nenhuma mudança perceptível foi sentida pelo fluminense comum até o momento.
"Todo plano tem início, meio e fim, não justifica isso de dizer que é a longo prazo. Este governo que está aí há mais de um ano está brincando com segurança pública, estão relegando o tema a segundo plano na agenda federal e isso é brincar com um país que produz 60 mil homicídios ao ano", critica Rodrigues, recomendando maior sincronia entre os entes federativos municipal, estadual e nacional.