O presidente iraniano, Hassan Rouhani, condenou a construção das represas por parte da Turquia em um discurso durante uma conferência dedicada ao problema da desertificação, recentemente realizada no Irã.
No entanto, o cientista político turco do Centro de Estudos Estratégicos do Oriente Médio, Seyfi Kilic, considera que a Turquia está sendo acusada incorretamente.
Em entrevista à Sputnik Turquia, o especialista explicou que as razões do problema têm raízes na história da região e, particularmente, nas ações do ex-presidente do Iraque, Saddam Hussein, que ordenou secar os pântanos que rodeavam a cidade iraquiana de Baçorá.
Saddam Hussein procurava com esta medida destruir a zona onde vivia a comunidade xiita do Iraque que, segundo achava, prestava apoio às forças ocupantes dos EUA que se encontravam na região após a Guerra do Golfo.
"Levando em consideração que a desertificação dos territórios [no Oriente Médio] ocorreu durante o governo de Hussein, seria incorreto acusar disso a Turquia ou o Irã", disse o especialista.
O especialista opina que é possível resolver o problema da falta de água, mas, em primeiro lugar, é completamente injusto acusar disto Ancara, dado que em 1987 a Turquia aderiu a um protocolo, segundo o qual é mantida uma grande quantidade de água do Eufrates para a Síria e o Iraque.
"Se a Turquia tivesse querido paralisar a solução do problema, não teria firmado este protocolo. Tal crítica à Turquia não pode ser levada a sério."
Ao mesmo tempo, o especialista frisou que os rios Tigre e Eufrates têm recursos hídricos suficientes para abastecer a Turquia, o Iraque e a Síria caso sejam consumidos de forma razoável.
"Não acho que o problema da água doce possa conduzir a um conflito militar porque há muitos exemplos que demonstram que utilizar a água de modo eficaz é o método mais barato [para resolver o problema], enquanto a guerra é uma ferramenta muito cara", concluiu.