Capriles conclamou que a militância contrária ao governo se mobilize para pelo menos duas manifestações – uma na segunda e outra na quarta-feira –, a fim de manter a pressão sobre Maduro e a sua empreitada de reescrever a Constituição da Venezuela. A eleição, aliás, se viu cercada de polêmica dentro e fora do país.
Pronunciamiento de la Unidad #30Jul https://t.co/yZ8uJlJ6wp
— Henrique Capriles R. (@hcapriles) 31 de julho de 2017
Uma das primeiras discórdias diz respeito ao número de pessoas que foi às urnas neste domingo. De acordo com a opositora Delsa Solorzano, aproximadamente 9% da população da Venezuela saiu de casa para participar da eleição da Constituinte – e destes, 25% seriam votos de servidores públicos, os quais não deveriam ser validados.
Já o governo de Maduro aponta para uma participação de 90% dos venezuelanos, cujo número total de pessoas com direito a voto chegava a 19,4 milhões. “Recorde de participação. Não é nosso dever dizer isso, mas vocês viram e é auditável”, afirmou o primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, Diosdado Cabello.
Números menos dissonantes foram os de vítimas registradas ao longo do fim de semana. De acordo com o opositor Henry Ramos Allup, 16 pessoas morreram nos últimos dois dias no país, aumentando a marca que ultrapassada as 120 vítimas fatais registradas desde o início da crise, há mais de quatro meses.
Apenas neste domingo, dia da eleição, 12 pessoas morreram, incluindo dois adolescentes, um soldado e um líder da oposição.
Não se sabe ainda quando serão divulgados os resultados do pleito – o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, pediu “paciência” –, que vai eleger 537 constituintes (173 setoriais e 364 territoriais), mais oito deputados de povos indígenas, que ocuparão os 545 assentos da Assembleia. A reforma constitucional deve alterar os papeis do Executivo, Legislativo e do Judiciário do país.
Mercosul e comunidade internacional repudiam eleição
A comunidade internacional reprovou e se negou a reconhecer qualquer resultado da eleição para a Constituinte venezuelana. Os Estados Unidos falaram em não reconhecer um “governo ilegítimo”, quanto a Espanha prometeu buscar opções de sanções junto aos seus pares europeus. Na América do Sul, o repúdio também foi geral.
España no reconocerá #AsambleaConstituyente elegida hoy en #Venezuela. Conoce las razones en nuestro comunicado https://t.co/wvTgMx6Mqc
— Exteriores (@MAECgob) 31 de julho de 2017
Oficialmente, os governos de Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Chile, Costa Rica, México, Peru, Paraguai e Panamá expressaram abertamente o seu descontentamento com a iniciativa de Maduro em reformar a Constituição venezuelana. Em comum, a perspectiva de todos que a Venezuela vai ficando cada vez mais isolada no cenário internacional.
“A iniciativa do governo de Nicolás Maduro viola o direito ao sufrágio universal, desrespeita o princípio da soberania popular e confirma a ruptura da ordem constitucional na Venezuela. A Venezuela dispõe de uma Assembleia Nacional legitimamente eleita. Empossada, a nova Assembleia Constituinte formaria uma ordem constitucional paralela, não reconhecida pela população, agravando ainda mais o impasse institucional que paralisa a Venezuela”, disse o Itamaraty, em nota, neste domingo.
Nota do governo brasileiro sobre a convocação de assembleia constituinte na Venezuela https://t.co/wwwcCpA7Ko pic.twitter.com/bGQ758XjEw
— Itamaraty Brasil🇧🇷 (@ItamaratyGovBr) 30 de julho de 2017
Uma sanção que pode ter impacto em Caracas pode vir de Washington já nesta segunda-feira. São os norte-americanos que exportam à Venezuela o petróleo mais leve necessário para diluir o petróleo extraído pelo país latino-americano.
Poucos países seguem abertamente ao lado de Maduro. Uma mensagem veio de El Salvador, de onde o presidente Salvador Sánchez Cerén enviou uma mensagem de apoio à empreitada reformista do presidente venezuelano. Embora não tenham se pronunciado até o momento, Rússia e China também estão ao lado de Maduro neste momento.
De acordo com analistas, a manutenção dos planos de Maduro aumentam significativamente a chance de uma guerra civil no país.