"Na Assembleia Constituinte de 1999, os primeiros decretos e atos constitucionais foram: o ato que regulou as funções do Congresso, porque haveria dois órgãos colegiados (Assembleia Nacional Constituinte e Congresso), e o segundo foi o decreto de transformação do Ministério Público (cuja Procuradoria-Geral rompeu com Maduro), parece que este Constituinte deve seguir praticamente da mesma maneira", disse ele.
O poder constituinte age de quatro maneiras desde a sua instalação, disse o candidato à Assembleia Constituinte e líder do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Hector Rodriguez.
"Tem atos constitucionais, decretos constitucionais, leis constitucionais e o referendo constitucional, que está sujeito ao texto final que poderia modificar a Constituição, os outros três: atos, decretos e leis, são anteriores ao referendo constitucional, não são submetidos a Referendo e são atos de legislação e governo", disse ele.
Por que é o governo quer a Constituinte (e por que a oposição a rejeita)?
Rodríguez argumentou que a Assembleia Constituinte servirá, em primeiro lugar, para quebrar a "dinâmica da violência da oposição". O comandante da campanha lembrou que os eventos deste ano, que deixaram 113 pessoas mortas e milhares de feridos, têm o mesmo padrão que em abril de 2002, quando o presidente Hugo Chávez (1954-2013) enfrentou uma tentativa de golpe de Estado e enfatizou que, embora a Constituição não resolva os conflitos sociais, "será capaz de administrá-los".
"Não é que a [nova] Constituição resolva os conflitos sociais, é que ela os gerencia e garante que esse conflito seja administrado na área da democracia, ideias e votos", afirmou.
"As constituições sempre nascem de uma imposição de quem governa ou impõe maioria, e é isso que propomos. Por que? Porque estamos convencidos de que as maiorias não querem violência", disse ele.
No dia 16 deste mês, a oposição realizou uma consulta simbólica sem valor legal em que diz que mais de 7,5 milhões de venezuelanos (dos 31 milhões totais) votaram contra a Assembleia Nacional Constituinte. O processo não foi reconhecido pelo governo.
A coalizão da oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD) pediu aos seus seguidores que boicotem o processo eleitoral e que impeçam que ele ocorra. No entanto, horas antes do início, os oposicionistas pediram à militância para evitar confrontos e convocou os manifestantes para uma concentração na estrada Francisco Fajardo, a principal estrada da cidade.
A Venezuela não convidou observadores internacionais para acompanhar a lisura do processo, como é praxe em eleições democráticas. Peru e Colômbia já anunciaram que não reconhecerão o resultado e os Estados Unidos mandou recado na ONU por meio da embaixadora Nikki Haley: "não aceitaremos um governo ilegítimo".