'Negro comendo banana' usa estereótipos para escrachar preconceito europeu

Banana (foto de arquivo)
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Serge Menga, africano de 40 anos que fugiu do Congo para a Alemanha, integrou-se à vida política do país com o início da crise migratória em 2015. Durante manifestações e na mídia ele não tem medo de criticar as atividades do governo e usa a imagem de “negro comendo banana” para lutar contra preconceitos raciais e nacionalistas na sociedade alemã.

Os discursos do ativista provocam reação contraditória: ele critica a política de migração alemã e se pronuncia nos eventos pré-eleitorais do partido Alternativa para a Alemanha. Mas, por outro lado, cuida da integração frutífera dos milhos de pais-migrantes.

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Ele se encaixa em vários esquemas. O negro Serge Menga ganhou fama por toda a Alemanha ao criticar, em uma mensagem de vídeo, a política do governo alemão quanto ao problema dos refugiados.

Porém, há pouco, Menga voltou a ser alvo de atenção. No dia 27 de julho, ele discursou durante um dos eventos do partido conservador Alternativa para a Alemanha em Osnabrueck. Durante a sua fala, o ativista foi vaiado. Entretanto, a reação não o atingiu — Menga continuou a responder a seus oponentes com tom sarcástico, apresentando-se como "negro de cotas" e "preto de Essen" e provocando a multidão ao comer com muita vontade uma banana.

A Sputnik Alemanha falou com o ativista para saber o que significam todas estas provocações.

"Se você tentar convencer as pessoas com argumentos objetivos, então [em resposta] constantemente ouvirá algo do tipo 'Aceita uma banana?' ou 'Olha o negro ali'. Para privar toda essa besteira fundamentalista, eu dou às pessoas aquilo que eles esperam", confessou Menga à Sputnik.

O refugiado de longo registro afirmou que através disso ele tenta ridicularizar o racismo oculto das pessoas para poder discutir questões importantes.

O tema principal que o interessa neste sentido é a desarmonia na sociedade alemã, principalmente a parcela da sociedade que não considera nenhum partido capaz de representar seus interesses. Ademais, Menga se qualifica como uma dessas pessoas.

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Além disso, o ativista se empenha muito na política no campo de refugiados. Muitas mídias o acusam, porém, de permitir que o tenham prendido à Alternativa para a Alemanha. Mas Menga ressalta:

"Eu não tento dizer que todos que vêm para este país são criminosos. É um absurdo! Eu mesmo sou ex-refugiado, eu sei como é ser refugiado."

O entrevistado deixou sua Pátria junto com seus pais quando tinha apenas 11 anos e tem consciência de todas as dificuldades ligadas a esse processo. Porém, falando da política atual alemã neste campo, Menga afirma que é "jogo com vidas dos seus próprios cidadãos". Por tais declarações, ele recebeu um apelido de "nazi preto".

"Eu condeno o fato de o governo ter deixado entrar no país muitos que não tinham nem até um cartão de identidade, sem documentos. Isto não é correto", se queixou.

Estas declarações não são infundadas. A coisa é que o ativista próprio trabalhou em um abrigo para refugiados e viu que "a maioria dos candidatos indicava como data de nascimento o dia 1º de janeiro e qualquer ano que lhes apetecesse".

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A ausência de passaportes inicia um ciclo vicioso, explica o ativista. Se uma pessoa não tem um documento, mas tem problemas com órgãos policiais, ela não pode deixar o território alemão. Por isso, muitos migrantes nunca saem de certos grupos fechados, criando, assim, comunidades paralelas.

O trabalho de Menga é ligado a telecomunicações, ele dá consultas a clientes permanentes e, apesar das intimidações nas redes sociais, não planeja deixar suas atividades.

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