Rússia voltará ao Iêmen pela porta da frente?

© Sputnik / Ministério da Defesa da Rússia / Acessar o banco de imagensРазминирование восточных районов сирийского города Алеппо
Разминирование восточных районов сирийского города Алеппо - Sputnik Brasil
Nos siga no
A Rússia pode usar sua experiência na Síria para solucionar outros conflitos armados no Oriente Médio e ampliar sua influência na região. Neste sentido, é possível que no futuro no Iêmen possa ser instalada uma base militar russa, informa o portal iemenita Mareb Press.

Segundo a edição, até há relativamente pouco tempo a Rússia mantinha uma atitude cautelosa em relação à crise iemenita e tentou manter uma certa distância em relação a todas as partes do conflito. Entretanto, recentemente têm começado aparecendo sinais de que Moscou está mudando seu foco.

Apoiantes dos rebeldes houthis mostram modelos de mísseis durante uma manifestação na capital do Iêmen. - Sputnik Brasil
Exército do Iêmen derrubou aeronave e 15 helicópteros da coalizão saudita
Fontes citadas pelo Mareb Press asseguraram que a mudança da posição russa quanto ao problema iemenita "está orientada para a criação das condições necessárias para discutir a futura construção de uma base naval da Rússia nas costas do Iêmen".

Uns dois anos atrás, o ex-presidente desse país árabe, Ali Abdullah Saleh, propôs a Moscou construir uma base das Forças Armadas da Rússia em território iemenita. Naquela época, Saleh chegou a propor à parte russa que utilizasse bases militares, aeródromos e portos do Iêmen.

Hoje em dia, o presidente em exercício do país, Abd Rabbuh Mansur Hadi, e o ex-presidente Saleh se encontram em lados opostos do conflito armado que o país está vivendo. Hadi fugiu para a Arábia Saudita, que lançou uma ofensiva contra os partidários da minoria xiita do Iêmen, apoiada por Saleh.

Curiosamente, a presença russa no país seria proveitosa para ambos os grupos, salienta Mareb Press.

Rebeldes xiitas, conhecidas como houthis, protestam contra  ataques aéreos sauditas - Sputnik Brasil
Irã, Iêmen e armas: em busca da verdade
A população do Iêmen está a favor da Rússia, porque esta não apoia as ações militares realizadas pela coalizão liderada pela Arábia Saudita. Ao mesmo tempo, Moscou não parece estar do lado dos houthis e de Saleh, afirma o colunista Sergei Aksenov em um artigo no jornal russo Svobodnaya Pressa.

Contudo, os iemenitas esperam que a Rússia se envolva no conflito e não permita que o país seja dividido em zonas de influência dos países do golfo Pérsico, EUA e Reino Unido. Além do mais, querem que os russos impeçam a "agressão bárbara da coalização saudita", ressaltou Aksenov.

O autor do artigo sublinhou que ambas as partes do conflito confiam em Moscou e que o país eslavo poderia desempenhar um papel de mediador para acabar com a guerra civil no Iêmen.

Precedentes históricos

No passado, a União Soviética foi um aliado do Iêmen do Sul, um Estado socialista que existia entre 1967-1990. Naquela época, o Iêmen permitia que os militares soviéticos utilizassem a ilha de Socotra, localizada perto da costa da Somália, na entrada do golfo de Áden: em particular, nessa zona operava a Esquadra do Índico da Marinha soviética, ressalta o colunista.

Situação no Iêmen (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
Base militar do Iêmen sofre ataque supostamente da Al-Qaeda
O posicionamento geográfico favorável da base soviética no Iêmen sempre foi muito proveitoso, sendo que do ponto de vista geoestratégico se tratava de uma posição principal, explica o ex-comandante das Forças Armadas da Rússia, almirante Félix Gromov, que comandou a Esquadra do Índico da Marinha soviética entre 1982 e 1984.

O militar aposentado destacou que o golfo de Aden é o lugar onde se cruzam as rotas marítimas comerciais mais importantes. A navegação nesta área tem sido historicamente muito intensa. Sendo assim, ter uma base militar nesta zona seria uma grande vantagem, frisou ele.

E agora?

Gromov sublinhou a importância dessa região, referindo que no golfo de Áden há a presença militar de muitos países. Em particular, Pequim inaugurou recentemente sua base militar no Djibouti, um país onde também há instalações militares do Japão, França e EUA.

A base aérea de Hamadã no território do Irã - Sputnik Brasil
Criação de uma base militar russa no golfo Pérsico é possível?
"Antes de começar a criar uma base russa, temos que entender primeiro que forças políticas iemenitas propuseram construir essa instalação e se essas forças são estáveis e representam a opinião da maioria da elite iemenita. São questões políticas", declarou ex-militar.

O entrevistado frisou que uma possível base russa na zona deve ter caráter permanente, caso contrário, não faz muito sentido construí-la. Por enquanto, a situação instável nesse país árabe favorece muito pouco a criação de uma instalação russa, concluiu Gromov.

Feed de notícias
0
Para participar da discussão
inicie sessão ou cadastre-se
loader
Bate-papos
Заголовок открываемого материала