Segundo a edição, até há relativamente pouco tempo a Rússia mantinha uma atitude cautelosa em relação à crise iemenita e tentou manter uma certa distância em relação a todas as partes do conflito. Entretanto, recentemente têm começado aparecendo sinais de que Moscou está mudando seu foco.
Uns dois anos atrás, o ex-presidente desse país árabe, Ali Abdullah Saleh, propôs a Moscou construir uma base das Forças Armadas da Rússia em território iemenita. Naquela época, Saleh chegou a propor à parte russa que utilizasse bases militares, aeródromos e portos do Iêmen.
Hoje em dia, o presidente em exercício do país, Abd Rabbuh Mansur Hadi, e o ex-presidente Saleh se encontram em lados opostos do conflito armado que o país está vivendo. Hadi fugiu para a Arábia Saudita, que lançou uma ofensiva contra os partidários da minoria xiita do Iêmen, apoiada por Saleh.
Curiosamente, a presença russa no país seria proveitosa para ambos os grupos, salienta Mareb Press.
Contudo, os iemenitas esperam que a Rússia se envolva no conflito e não permita que o país seja dividido em zonas de influência dos países do golfo Pérsico, EUA e Reino Unido. Além do mais, querem que os russos impeçam a "agressão bárbara da coalização saudita", ressaltou Aksenov.
O autor do artigo sublinhou que ambas as partes do conflito confiam em Moscou e que o país eslavo poderia desempenhar um papel de mediador para acabar com a guerra civil no Iêmen.
Precedentes históricos
No passado, a União Soviética foi um aliado do Iêmen do Sul, um Estado socialista que existia entre 1967-1990. Naquela época, o Iêmen permitia que os militares soviéticos utilizassem a ilha de Socotra, localizada perto da costa da Somália, na entrada do golfo de Áden: em particular, nessa zona operava a Esquadra do Índico da Marinha soviética, ressalta o colunista.
O militar aposentado destacou que o golfo de Aden é o lugar onde se cruzam as rotas marítimas comerciais mais importantes. A navegação nesta área tem sido historicamente muito intensa. Sendo assim, ter uma base militar nesta zona seria uma grande vantagem, frisou ele.
E agora?
Gromov sublinhou a importância dessa região, referindo que no golfo de Áden há a presença militar de muitos países. Em particular, Pequim inaugurou recentemente sua base militar no Djibouti, um país onde também há instalações militares do Japão, França e EUA.
O entrevistado frisou que uma possível base russa na zona deve ter caráter permanente, caso contrário, não faz muito sentido construí-la. Por enquanto, a situação instável nesse país árabe favorece muito pouco a criação de uma instalação russa, concluiu Gromov.