O colunista da Sputnik Aleksandr Khrolenko analisa se tais volumes de produção correspondem às capacidades defensivas ucranianas, bem como ao nível de qualidade necessário para as exportações.
Em janeiro, o Ministério da Defesa tailandês rompeu o contrato com Kiev para a compra de 54 tanques Oplot (versão modernizada do T-80) por a parte ucraniana não ter cumprido suas obrigações contratuais. O contrato no valor de US$ 241 milhões fora assinado em setembro de 2011.
Ao longo de 5 anos, a Tailândia recebeu apenas 20 tanques. Na sequência, o ministro da Defesa tailandês, Prawit Wongsuwan, afirmou que os tanques ucranianos se tornaram no problema principal de rearmamento do exército do país, que já não pode ficar esperando e opta pelos blindados chineses VT-4.
Mais cedo, a Lituânia também recusou os blindados ucranianos por estes não corresponderem aos padrões da OTAN. Embora os carros de combate ucranianos custassem 4 vezes menos, o Ministério da Defesa lituano decidiu optar por 88 tanques Boxer do consórcio holandês-alemão Artec.
"Devido à não observação dos prazos de fornecimento e defeitos de produção [fissuras no corpo] foi também rescindido um importante contrato de compra de 450 blindados [no valor de US$ 458 milhões] pelo Iraque. A parte ucraniana conseguiu produzir e fornecer apenas 88 veículos blindados, argumentando os atrasos por dificuldades objetivas", explica Khrolenko, ressaltando que, ao se deparar com a irresponsabilidade do fornecedor, o Iraque se apressou a recusar a compra dos equipamentos ucranianos.
A mesma situação aconteceu ao exército do Azerbaijão, que preferiu os tanques russos T-90MC. Mais cedo, a empresa militar turca Aselsan, que desenvolve o sistema ativo de proteção AKKOR, e o consórcio Ukroboronprom conduziram conversações sobre a modernização dos tanques ucranianos, mas não chegaram a assinar qualquer contrato.
Khrolenko assinala que, após o golpe de Estado em Kiev, a venda de armas foi encabeçada pelos "revolucionários", que estavam apenas interessados em obter lucros de modo rápido. Ademais, a situação se agravou por Kiev ter rompido a cooperação militar com Moscou. Hoje em dia, é impossível substituir todas as peças de produção russa no complexo militar ucraniano (cerca de 30 mil componentes), e "nem os EUA, nem a OTAN ajudariam [Kiev] nisso".
"Se examinarmos os exemplos de blindados 'genuinamente ucranianos' criados já fora da cooperação com a Rússia, dá vontade de rir e chorar ao mesmo tempo", ironiza o colunista.
Por exemplo, em março, as Forças Armadas da Ucrânia receberam o novo carro blindado Kozak-2 que o público logo chamou de "caixão com rodinhas".
"Ressaltemos que o Kozak ucraniano se baseia na plataforma italiana Iveco Eurocargo 4x4, enquanto sua parte blindada é de produção finlandesa (de 12 mm). O poder de ataque não impressiona muito, mas basta para fazer dispersar os cidadãos descontentes", escreve Khrolenko.