O professor conta que, ao chegar ao posto da Polícia Federal na fronteira, os venezuelanos recebem uma permissão do governo brasileiro para viver por dois anos no Brasil. A maior parte deles segue para Boa Vista, capital de Roraima, enquanto outra parte significativa segue para Manaus, no Amazonas. Os que permanecem em Pacaraima são os que vivem em situação mais complicada:
"A maior parte dos venezuelanos que permanecem em Pacaraima é formada por pessoas mais humildes, sem formação ou qualificação profissional. Essas pessoas vivem de vendas no mercado informal, revendendo quaisquer coisas que conseguem comprar. Há uma boa parte também de pessoas qualificadas, pessoas que foram aprovadas em concursos acadêmicos na Venezuela nas áreas de Informática, Arquitetura, Engenharia, etc. Mas essas pessoas não conseguem empregos no Brasil em suas áreas de especialização e também acabam sobrevivendo de vendas nas ruas de Pacaraima."
"A criminalidade aumentou bastante em Pacaraima", garante o professor. "A maioria dos venezuelanos que estão nesta cidade vive de forma ilegal. Essas pessoas entraram no Brasil não pelas fronteiras naturais, mas sim por vários outros caminhos alternativos. No Brasil, estes venezuelanos clandestinos, que não obtêm documentos da Polícia Federal por não passarem pelo posto da fronteira, praticam roubos, assaltos, de modo que a criminalidade aumentou bastante em Pacaraima. Por isso, justifica-se o envio de tropas federais para Roraima, envio já solicitado pela Governadora Suely Campos."
Além do aumento da criminalidade, os habitantes de Pacaraima também observam que a prostituição na cidade atingiu um número jamais visto, assim como o de moradores de rua.
Outra consequência é o barateamento da mão de obra. Segundo Ralf Weissenstein, trabalhos domésticos executados por venezuelanos custam até 50% menos do que os valores cobrados pelos brasileiros.