Isso não é de surpreender — o controle do Ártico garante toda uma série de vantagens importantes no campo econômico, militar e político, assegura o colunista da Sputnik Andrei Kots.
Zona de atenção elevada
Primeiro, o país recebe, de fato, uma oportunidade de controlar unilateralmente a Rota Marítima do Norte, ou Passagem do Nordeste, sendo que esta é uma artéria de transporte importantíssima. Apenas em 2016, os navios transportaram 7,26 milhões de toneladas de diferentes cargas através deste roteiro, batendo pela primeira vez os índices da época soviética.
Segundo, deste modo a Rússia protege suas riquezas nas águas do Oceano Ártico, isto é, o petróleo e gás. Já faz muito que estes estão "seduzindo" outros países que apresentam pretensões em relação à região: EUA, Canadá, Islândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca.
Terceiro, as águas do Oceano Ártico são uma região complicada para a Rússia do ponto de vista da segurança. A extensão enorme da fronteira setentrional russa faz com que ela seja vulnerável deste lado a uma potencial agressão. A presença militar no Ártico permitirá não deixar passar navios com sistemas de defesa antimísseis e sistemas de ataque estratégicos do inimigo potencial na região.
"A Frota do Norte não é apenas uma força naval. Pelas suas funções ela se assemelha mais a um comando de operações estratégicas ou a uma região militar. Na sua composição figuram grupos de unidades de mísseis e artilharia, uma brigada de infantaria mecanizada, uma divisão de defesa antiaérea e outras estruturas 'terrestres'. A zona de responsabilidade deste agrupamento de forças muito importante abrange toda a região do Ártico, exceto sua parte oriental. A Frota do Norte, de fato, afasta os limites possíveis para lançamentos de mísseis de cruzeiro por parte do inimigo contra a Rússia para áreas à distância de várias centenas de quilômetros da nossa fronteira", afirmou à Sputnik o editor-chefe da revista russa Arsenal Otechestva, Viktor Murakhovsky.
Desafiando o frio
Para resolver estas e outras tarefas, o comando militar russo está colocando em serviço os novos equipamentos elaborados para funcionar nas condições climáticas do Extremo Norte.
Esses veículos foram construídos na base do fora de estrada DT-30 Vityaz, que é capaz de funcionar com até 55 graus negativos.
Algumas modificações destes veículos podem superar obstáculos aquáticos, o que aumenta sua mobilidade nas condições da desintegração permanente do gelo no Polo Norte. Além disso, os novos sistemas TOR e Pantsir protegem as regiões de baseamento dos sistemas de mísseis S-400 que começaram a ser instalados no Ártico em 2015.
Entretanto, o serviço militar no Ártico é cumprido pela primeira unidade verdadeiramente ártica que dirige os veículos especiais adaptados às temperaturas extremamente baixas e até conjuntos de renas e cães para passar naquelas áreas onde os equipamentos bélicos não conseguem.
Vale destacar também que, para esta região específica, a indústria bélica russa produz tanques, veículos de infantaria e helicópteros modificados como, por exemplo, o Mi-8AMTSH-VA.
Uma 'casinha' no Norte
Hoje, a Rússia é o único país que possui bases militares no Ártico. Particularmente, no ano passado na Terra de Francisco José foi inaugurado o posto Arktichesky Trilistnik (Trifólio do Ártico), único no seu gênero. A base conta com mais de 14 mil metros quadrados e equipamentos sofisticados que lhe permitem funcionar em um regime autônomo sem ajuda do continente.
O bloco administrativo pode albergar cerca de 150 pessoas durante 18 meses, dado que o abastecimento da base se efetua via transporte aéreo. Vale destacar que, no total, se planeja construir 13 bases aéreas na região.
Além do edifício principal, a base tem uma usina elétrica, uma instalação de destilação de água e muitas outras infraestruturas para suporte de vida e cumprimento do serviço militar.