Washington se autoflagela: como terminará a guerra comercial entre EUA e China?

© AP Photo / Alex BrandonPresidente Donald Trump e seu homólogo chinês Xi Jinping durante um encontro (foto de arquivo)
Presidente Donald Trump e seu homólogo chinês Xi Jinping durante um encontro (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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A guerra comercial entre a China e os EUA já está em curso, declarou recentemente Steve Bannon, até há pouco assessor estratégico de Donald Trump. O próprio presidente dos EUA ordenou ao representante comercial do país, Robert Lighthizer, realizar “uma investigação” sobre o alegado roubo de tecnologias e propriedade intelectual americanas.

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Trump também quer verificar os rumores segundo os quais várias empresas americanas foram autorizadas a fazer negócios na China só depois de trocarem informações "de caráter tecnológico" com os chineses.

Washington quer apelar para a Organização Mundial do Comércio para punir a China se a investigação trouxer os resultados esperados. Mas, mesmo antes da decisão da organização, os EUA podem impedir as mercadorias chinesas de entrarem nos EUA. O artigo 301 da Lei do Comércio de 1974 dá a possibilidade de aumentar as tarifas de importação de produtos provenientes da China. Trump declara com honestidade que seu fim principal é aplicar este artigo.

Pequim já afirmou, por sua vez, que está pronta a responder de forma decidida às ações dos EUA. A representante oficial da Chancelaria da China, Hua Chunying, disse que as ações de Washingtom levarão a uma guerra em que "ambas as partes vão perder".

Casa Branca dispara contra empresas norte-americanas

O défice comercial entre a China e os EUA em 2016 foi de 347 bilhões de dólares (R$ 1,09 trilhão) e Trump têm repetidamente declarado sua preocupação por a China exportar para os EUA muito mais artigos do que os EUA para a China.  O chefe do Centro de Comunicações Estratégicas russo, Dmitry Abzaloz, julga que Washington vai perder muito mais do que a China caso introduza restrições à importação de artigos chineses.

"Para os EUA a introdução de tais restrições era atual quando a China começava a crescer economicamente. Agora a economia da China já está tão fortemente integrada com a mundial, incluindo com a economia dos EUA, que os EUA, querendo atingir a economia chinesa, vão acabar por prejudicar as empresas norte-americanas e os consumidores", disse o analista.

Imagem do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, publicada em um dos jornais chineses, Pequim, China, novembro de 2016 - Sputnik Brasil
Opinião: Trump está provocando uma guerra comercial entre os EUA e a China
As empresas americanas que instalaram a produção na China também vão sofrer muito. Um exemplo mais simples é a Apple Inc., que monta os iPhones e iPads na China e depois os exporta para os EUA. Vão perder muito também as redes comerciais que vendem artigos baratos da China.

Ao mesmo tempo, as indústrias pesadas da China não serão muito prejudicadas. Mas caso a China decida responder com medidas semelhantes, os EUA vão enfrentar muitas dificuldades nas exportações da sua produção agrícola, de aviões, de equipamento para transportes e muitos outros artigos.

Para a China será mais fácil encontrar novos fornecedores do que para os EUA encontrar novos compradores.

O especialista lembrou que a China tem obrigações norte-americanas no valor de mais de 1 trilhão de dólares. Caso uma guerra comercial se desencadeie, a China pode começar a vender essas obrigações e assim pode minar todo o sistema financeiro dos EUA.

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EUA ameaçam interesses da China na Venezuela
O que a Coreia do Norte tem a ver com isso?

A Casa Branca declara que tenta pressionar economicamente a China por causa da passividade chinesa em relação ao problema da Coreia do Norte.

O especialista Dmitry Abazalov julga que o problema da Coreia do Norte é apenas um motivo para exercer pressão sobre a China. O aumento da pressão está ligado com a situação interna nos EUA, onde chegou o tempo de aprovar um novo orçamento de Estado e, de outro lado, as esperanças de investimentos ligadas à chegada de Trump começam a se esgotar.

Em geral, se trata da luta pelo papel de força econômica predominante no mundo, julga o especialista. O conselheiro estratégico de Trump também reconheceu este fato.

"Estamos em estado de guerra econômica com a China. Eles não se acanham de falar do que estão fazendo. Um de nós vai se tornar uma força dominante no mundo em 25-30 anos. Se nós ficarmos parados no caminho, eles vão sê-la", disse ele ao jornalista de American Prospect.

Vladimir Ardaev para a Sputnik

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