Washington quer apelar para a Organização Mundial do Comércio para punir a China se a investigação trouxer os resultados esperados. Mas, mesmo antes da decisão da organização, os EUA podem impedir as mercadorias chinesas de entrarem nos EUA. O artigo 301 da Lei do Comércio de 1974 dá a possibilidade de aumentar as tarifas de importação de produtos provenientes da China. Trump declara com honestidade que seu fim principal é aplicar este artigo.
Pequim já afirmou, por sua vez, que está pronta a responder de forma decidida às ações dos EUA. A representante oficial da Chancelaria da China, Hua Chunying, disse que as ações de Washingtom levarão a uma guerra em que "ambas as partes vão perder".
Casa Branca dispara contra empresas norte-americanas
O défice comercial entre a China e os EUA em 2016 foi de 347 bilhões de dólares (R$ 1,09 trilhão) e Trump têm repetidamente declarado sua preocupação por a China exportar para os EUA muito mais artigos do que os EUA para a China. O chefe do Centro de Comunicações Estratégicas russo, Dmitry Abzaloz, julga que Washington vai perder muito mais do que a China caso introduza restrições à importação de artigos chineses.
"Para os EUA a introdução de tais restrições era atual quando a China começava a crescer economicamente. Agora a economia da China já está tão fortemente integrada com a mundial, incluindo com a economia dos EUA, que os EUA, querendo atingir a economia chinesa, vão acabar por prejudicar as empresas norte-americanas e os consumidores", disse o analista.
Ao mesmo tempo, as indústrias pesadas da China não serão muito prejudicadas. Mas caso a China decida responder com medidas semelhantes, os EUA vão enfrentar muitas dificuldades nas exportações da sua produção agrícola, de aviões, de equipamento para transportes e muitos outros artigos.
Para a China será mais fácil encontrar novos fornecedores do que para os EUA encontrar novos compradores.
O especialista lembrou que a China tem obrigações norte-americanas no valor de mais de 1 trilhão de dólares. Caso uma guerra comercial se desencadeie, a China pode começar a vender essas obrigações e assim pode minar todo o sistema financeiro dos EUA.
A Casa Branca declara que tenta pressionar economicamente a China por causa da passividade chinesa em relação ao problema da Coreia do Norte.
O especialista Dmitry Abazalov julga que o problema da Coreia do Norte é apenas um motivo para exercer pressão sobre a China. O aumento da pressão está ligado com a situação interna nos EUA, onde chegou o tempo de aprovar um novo orçamento de Estado e, de outro lado, as esperanças de investimentos ligadas à chegada de Trump começam a se esgotar.
Em geral, se trata da luta pelo papel de força econômica predominante no mundo, julga o especialista. O conselheiro estratégico de Trump também reconheceu este fato.
"Estamos em estado de guerra econômica com a China. Eles não se acanham de falar do que estão fazendo. Um de nós vai se tornar uma força dominante no mundo em 25-30 anos. Se nós ficarmos parados no caminho, eles vão sê-la", disse ele ao jornalista de American Prospect.