Sputnik: Hoje em dia, especialmente no âmbito do grupo BRICS, como o senhor avalia a dinâmica das relações russo-brasileiras?
Paulo Nogueira Batista Jr: Bem, a Rússia e o Brasil são países grandes, importantes, que têm uma relação histórica, antiga, positiva, que continua. A novidade dos últimos 10 anos é que essa antiga relação positiva entre a Rússia e o Brasil foi reforçada pela cooperação no âmbito do BRICS. Então, isso estreitou ainda mais as relações entre os dois países, que são relações muito importantes tanto para o Brasil, como para a Rússia.
PNBJ: Eu não quero dar opinião sobre o Conselho de Segurança pois não estou acompanhando esse assunto, é um assunto complicado, que está em curso há muitos anos, mas você pode ver pelas declarações dos BRICS, pelos comunicados dos líderes dos últimos anos que a temática, sim, é econômica, é financeira, mas ela já foi além do âmbito econômico-financeiro, que tem vários aspetos das declarações dos líderes que são políticos, diplomáticos, culturais. Então, a cooperação dos BRICS se tornou mais abrangente. Talvez, no início ela fosse mais econômico-financeira, mas agora ela abarca uma série de temas da ordem internacional, da política, da diplomacia, da relação "people-to-people", ou seja, interpessoal. Então, hoje, quando os líderes se reúnem, eles não tratam só da economia e finanças, nunca. Eles vão necessariamente tratar das grandes questões políticas do momento.
Em declarações para a Sputnik Internacional, Paulo Nogueira Batista Jr falou também sobre os projetos aprovados pelo Banco do BRICS, nos quais a entidade pode demonstrar sua eficiência: são dois na China, um na Índia e um na Rússia.
"Uma coisa interessante para lhes falar pois vem da Rússia: olhem para o projeto aprovado por nós lá. É um projeto para sustentar a reforma do sistema judicial na Rússia. Mas, observem: não temos nada a ver com as recomendações sobre as políticas conduzidas, apenas apoiamos a infraestrutura e o elemento tecnológico do projeto", manifestou.
Paulo Nogueira Batista Jr precisou que o projeto foi inicialmente lançado pela parte russa em cooperação com o Banco Mundial, porém, após a introdução das sanções ocidentais em 2014, a iniciativa não foi para a frente por motivos evidentemente políticos. Consequentemente, o projeto foi "herdado", nas palavras do delegado, desta entidade internacional, o que lhe dá ainda mais importância.